Por Mateus Vargas | Folhapress
Foto: Abdias Pinheiro/SECOM/TSE
A Embaixada Britânica afirmou na quinta-feira (21) que confia no sistema eleitoral brasileiro e disse que as urnas eletrônicas são reconhecidas internacionalmente.
"Quem for escolhido pela nação brasileira poderá contar com o Governo Britânico para fortalecer as relações bilaterais e a amizade entre os dois povos", afirma nota divulgada pela embaixada no Brasil.
A declaração foi feita quatro dias após o presidente Jair Bolsonaro (PL) convidar dezenas de embaixadores para o Palácio da Alvorada e repetir mentiras e teorias da conspiração para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.
"Reafirmamos nossa confiança no bom funcionamento do processo democrático do Brasil e esperamos que todo o país esteja comprometido com o respeito à democracia por meio de eleições livres e justas", diz a embaixada.
Na mesma nota, a instituição que representa o governo britânico declara que a urna eletrônica é reconhecida pela celeridade e eficiência.
"Esta semana tem sido marcada por um amplo debate público sobre o sistema eleitoral brasileiro. Acreditamos na força da democracia do Brasil, que conta com instituições sólidas e transparentes."
Bolsonaro reuniu na segunda-feira (18) dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditar o sistema eleitoral e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A fala do presidente com mentiras em série sobre o sistema eleitoral e mais uma vez em tom golpista provocou reações de repúdio em cadeia na cúpula do Judiciário e em diferentes setores do Ministério Público.
Na terça (19), a Embaixada dos Estados Unidos disse que as eleições brasileiras são um modelo para o mundo e que os americanos confiam na força das instituições do Brasil.
Na quarta (20), um porta-voz do governo dos Estados Unidos voltou a ressaltar que o país confia no sistema eleitoral brasileiro, que chamou de "modelo", e disse que as autoridades americanas acompanharão com grande interesse as eleições de outubro no país.
Uma parte dos embaixadores estrangeiros ouvidos pela Folha após o evento com Bolsonaro definiu a apresentação como uma "tática trumpista" para desviar o foco ou mesmo para preparar o terreno para o questionamento das eleições.
A tática trumpista é uma referência ao ex-presidente dos EUA Donald Trump, admirado por Bolsonaro. Derrotado por Joe Biden, Trump insuflou teorias conspiratórias de que o pleito foi fraudado e foi peça central no episódio que resultou na invasão do Congresso americano, no início do ano passado.