Nelson Piquet é denunciado ao Ministério Público por falas racistas sobre Hamilton

Mônica Bergamo / São Paulo, SP

O ex-piloto Nelson Piquet tornou-se alvo de uma denúncia junto ao Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios por chamar o piloto de F1 Lewis Hamilton de “neguinho”. A representação foi feita pela bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, que acusa Piquet de praticar o crime de discriminação ou preconceito.
Durante entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira em novembro do ano passado, Nelson Piquet usou o termo considerado racista múltiplas vezes ao se referir a Hamilton. Trechos do vídeo voltaram a circular nesta semana.
Piquet chegou a se desculpar por meio de nota oficial após a repercussão negativa e uma resposta pública de Hamilton, que pediu que não fosse mais dado espaço a “velhas vozes”. Na sexta-feira (1º), porém, um trecho inédito divulgado pelo portal Grande Prêmio mostrou que o ex-piloto também fez uma fala homofóbica na ocasião, reacendendo as críticas. “O neguinho [Hamilton] devia estar dando mais c*”, disse.
Os parlamentares do PSOL afirmam na representação que o racismo proclamado é inaceitável no âmbito do Estado democrático de Direito e que a fala de Piquet merece repúdio de todos os que acreditam nos princípios constitucionais.
​A representação é encabeçada pelas deputadas do PSOL Áurea Carolina (MG), Talíria Petrone (RJ) e Vivi Reis (PA). Procurado, Nelson Piquet não respondeu.
“O racismo estrutura as relações sociais no Brasil. Nesse sentido, tratar seres humanos negros de forma evidentemente pejorativa, como faz o senhor Nelson Piquet, não se coaduna com as práticas para efetivação do dispositivo da igualdade”, afirmam os deputados.
Os parlamentares ainda destacam que o ex-piloto é um apoiador de longa data do presidente Jair Bolsonaro (PL), tendo, inclusive, participado dos atos golpistas do 7 de Setembro no ano passado ao lado do mandatário.
“Nelson Piquet é mais uma prova que a retórica virulenta empregada pelo Presidente Jair Bolsonaro habilita seus apoiadores a se sentirem liberados para utilizar dos mesmos termos e dos mesmos preconceitos de classe, raça e gênero”, afirmam os deputados.
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