Foto: assessoria/PT
Em um esforço para minar candidaturas alternativas e aumentar a chance de vitória em primeiro turno, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avançou nas tratativas com o deputado federal André Janones (Avante) e passou a negociar o apoio imediato do Pros, que tem Pablo Marçal como pré-candidato à Presidência.
Janones já indicou que abrirá mão de disputar o Palácio do Planalto para apoiar Lula. Nesta semana, a campanha petista fez mais um gesto ao até agora presidenciável ao sinalizar que acatará propostas do deputado no plano de governo.
A expectativa é que o integrante do Avante anuncie a desistência de disputar a eleição à Presidência nesta quinta-feira (4), mesmo dia em que encontrará o ex-presidente.
Já a cúpula do Pros terá encontro nesta quarta-feira (3) com o ex-ministro Aloizio Mercadante, que integra a coordenação da campanha petista, e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que será vice de Lula na chapa presidencial.
Além de significar a retirada de mais um pré-candidato do páreo, o acordo com o partido poderia representar mais tempo de televisão para Lula.
A divisão oficial do tempo será informada nas próximas semanas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas o ingresso formal do Pros na coligação de Lula ampliaria levemente a liderança do petista na propaganda no rádio e na TV.
Pela lei, esse tempo é distribuído de acordo com a força partidária de cada candidato, que leva em conta a coligação formada ao seu redor. Só os seis maiores partidos da coligação contam para a divisão.
No caso de Lula ele já tem sete partidos em sua chapa. O ingresso do Pros daria ao petista 12 segundos a mais em cada bloco geral de 12 minutos e 30 segundos de propaganda, tirando do cálculo o PV, que acrescenta cerca 6 segundos.
Com isso, a candidatura do ex-presidente ficaria com cerca de 3 minutos e 16 segundos por bloco. Bolsonaro viria logo em seguida, com cerca de 2 minutos e 50 segundos.
A cúpula petista trata com cautela, porém, a conversa com o Pros porque ainda há disputa judicial em torno do comando do partido.
A antiga direção da legenda foi destituída no último domingo por decisão do ministro Jorge Mussi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas ainda há espaço para questionamentos judiciais.
O magistrado devolveu o comando do partido ao seu fundador, Eurípedes Jr. O Pros havia oficializado no domingo (31) a candidatura do do coach motivacional Pablo Marçal à Presidência da República.
A cúpula do partido recém-empossada é mais simpática a Lula e tende a rifar a candidatura do influencer digital.
Como mostrou a Folha, o Pros vive um racha interno, em uma disputa de poder que envolve inclusive negociações para tentativa de compra de sentença judicial.
Marçal disse à Folha que pretende conversar com Eurípedes Jr. até esta quarta (3) e reconhece que sua postulação, embora já esteja registrada no TSE, está ameaçada.
“Acho que o risco existe, política é igual céu, escreve desse jeito aí. Todo dia que você acorda está diferente.”
Apesar disso, o empresário afirmou que pretende ir até o fim, que em 48 horas levou cerca de 20 mil filiados ao Pros e que pode ajudar o partido a eleger 11 deputados federais.
“Eu dediquei o ano de 2022 para a política. Deixei de faturar alguns milhões para mexer com política, para servir à nação, e vou até o fim”, disse.
Em outra frente, na busca por atrair apoios, o pré-candidato pelo Avante, André Janones, deverá se reunir com o ex-presidente Lula nesta quinta —será o segundo encontro entre os dois no último mês. De olho no potencial de mobilização nas redes sociais do deputado, a reunião poderá sacramentar um acordo.
O presidenciável já havia indicado que poderia retirar a candidatura caso suas propostas fossem incluídas na pauta de outros candidatos ao Palácio do Planalto.
Entre as pautas que o deputado levará à mesa de discussão com Lula está a manutenção do auxílio de R$ 600 e com pagamento em dobro para mães solo, a inclusão de famílias do cadastro único nos beneficiários do Auxílio Brasil, a ampliação da oferta do programa de saúde mental no Brasil e a implementação de lei de inclusão para pessoas com deficiência.
O grupo que debate o plano de governo de Lula também se reunirá com a equipe de Janones apara alinhar as propostas.
“O entendimento é que há espaço para o diálogo, para o entendimento e para uma ampla e construtiva convergência programática em temas fundamentais para a reconstrução do Brasil. Também para a ampliação da frente democrática liderada por Lula e Alckmin”, afirmou Mercadante, em nota.
Catia Seabra, Julia Chaib, Ranier Bragon e Victoria Azevedo/Folhapress