Por Nuno Krause
Foto: FFF
Campeã em 1998, a França era uma das favoritas a conquistar a Copa do Mundo de 2002. Sob o comando do melhor jogador do mundo à época, Zinedine Zidane, os Bleus foram campeões da Eurocopa em 2000 e da Copa das Confederações em 2001. Uma lesão do craque no último amistoso preparatório, no entanto, foi o estopim para a decepção.
Zizou não participou dos dois primeiros jogos, contra Senegal e Uruguai. Mesmo com jogadores como Thierry Henry, Trezeguet, Vieira, Makélélé, Desailly e Thuram, a França perdeu por 1 a 0 para os africanos e empatou sem gols com os sul-americanos. Com uma proteção na coxa, o camisa 10 voltou contra a Dinamarca, na rodada final. Não adiantou. Uma derrota por 2 a 0 sacramentou a eliminação dos atuais campeões na primeira fase. O título ficou com o Brasil.
O cenário vai se repetir em 2022? Por mais que seja o meu desejo e o de muitos brasileiros, é (quase) impossível. Há algumas coincidências, como o fato de a Dinamarca estar novamente no caminho e dois importantíssimos jogadores para o título em 2018, Kanté e Pogba, estarem lesionados. Mas tudo isso serve muito mais para a parte mística do futebol.
Racionalmente, a França ainda tem uma seleção muito superior às adversárias na primeira fase da Copa do Catar, Dinamarca, Tunísia e Austrália.
O centroavante Karim Benzema acabou de receber a Bola de Ouro da France Football. O francês liderou o Real Madrid, na última temporada, aos títulos da Liga dos Campeões e do Campeonato Espanhol. Em 46 jogos com a camisa merengue, marcou 44 gols e deu 15 assistências.
O craque voltou a aparecer na seleção francesa em 2021, após seis anos ausente por causa de um problema envolvendo ele e o meia Valbuena. Desde então, atuou em 16 partidas e balançou as redes em 10 oportunidades.
E Benzema é apenas mais um entre tantos outros craques que compõem o plantel do técnico Didier Deschamps. Varane, Tchouaméni, Camavinga, Griezmann e Mbappé são alguns deles.
Este último, inclusive, vem sendo alvo de críticas por causa de seu comportamento no Paris Saint-Germain. Diversos jornais têm apontado que o atacante não está feliz com a presença do brasileiro Neymar no elenco e que está ameaçando deixar o clube em janeiro. Dentro de campo, contudo, os números são ótimos. Mbappé tem 18 gols e cinco assistências em 18 jogos na temporada.
No que pese o grande elenco, é verdade também que a França não vem tendo grandes atuações, o que me faz colocar a seleção em um patamar abaixo de Brasil e Argentina na disputa pelo título no Catar.
O último compromisso antes da Copa foi a fase de grupos Liga das Nações. Atuais campeões, os franceses acabaram eliminados. No Grupo A, a equipe ficou em terceiro, atrás de Croácia e Dinamarca (sempre a Dinamarca). Dos seis jogos que fez, a França só venceu um, perdeu três e empatou dois, com cinco gols marcados e sete sofridos.
Muda algo em relação ao favoritismo no Grupo D da Copa do Mundo? Não. Principalmente porque a Liga das Nações é um torneio de menor importância para os europeus. Mas é um sinal de alerta.
DINAMÁQUINA?
Já falamos bastante neste texto sobre a Dinamarca, mas vou dar alguns pitacos a mais. Semifinalista da Eurocopa de 2020, a seleção nórdica vive seu melhor momento desde 1992, quando venceu o torneio europeu.
Com um time extremamente organizado e aplicado, os dinamarqueses são a segunda força do Grupo D. O meia Christian Eriksen, camisa 10, voltou a jogar em alto nível após a parada cardiorrespiratória que teve em 2020 (lembre aqui). Na atual temporada, pelo Manchester United, ele já deu cinco assistências em 16 jogos.
No gol, o carismático Kasper Schmeichel coordena a força defensiva da seleção. No meio, ao lado de Eriksen, Hojbjerg faz grande temporada. O ataque tem sido eficaz: marcou 9 gols na Liga das Nações, melhor número do Grupo A.
Fato é que passando em primeiro ou em segundo, a Dinamarca tem tudo para fazer uma grande Copa do Mundo e honrar o apelido “Dinamáquina”.
SOCCEROOS
A Austrália, que decidiu jogar as eliminatórias asiáticas em 2005 por causa da baixa competitividade do futebol na oceania, passou sufoco em 2022. Os Socceroos, como é conhecido o time nacional, acabaram na repescagem após ficarem na terceira colocação do Grupo B, atrás de Arábia Saudita e Japão.
Para chegar ao Catar, a seleção teve de eliminar Emirados Árabes Unidos e Peru - este último nos pênaltis.
O time, que apresentou dificuldades contra seleções como Omã e China nas eliminatórias, nunca chega cercado de expectativas no Mundial. A melhor participação australiana foi em 2006, na Alemanha, quando chegou às oitavas de final. Acabou eliminada pela Itália, campeã da edição.
Em 2022, a tendência é que a fase de grupos seja o ponto final da participação da Austrália.
A FORTE DEFESA TUNISIANA
Em sua sexta participação em Copas, a Tunísia aposta na solidez defensiva para surpreender França e Dinamarca. Foi isso, afinal, o que levou a seleção à Copa do Mundo.
Nas eliminatórias do Grupo A, a equipe terminou na liderança do Grupo B, com 13 pontos. Foram quatro vitórias, um empate e uma derrota, com 11 gols marcados e apenas dois sofridos. Na fase final, eliminou Mali, com vitória por 1 a 0 fora e empate em 0 a 0 em casa.
No entanto, já vimos o que ataques talentosos podem fazer com a defesa tunisiana. Contra o Brasil, o país africano não viu a cor da bola e tomou uma goleada de 5 a 1 em amistoso preparatório. E olha que os tunisianos não sofriam um gol há seis partidas, vencendo adversários como Chile - por 2 a 0 - e Japão - por 3 a 0.
Em resumo, a Tunísia é a seleção que mais ameaça o favoritismo de França e Dinamarca. Mas isso não quer dizer muita coisa.
Palpite:
1) França
2) Dinamarca
3) Tunísia
4) Austrália