Por Camila São José / Lula Bonfim
Foto: Camila São José / Bahia Notícias
“Trata-se do julgamento de dois pedófilos, dois homicidas que mataram um anjo”. Com essa frase, o promotor Davi Gallo definiu o júri popular que ocorre desde terça-feira (25) e dura até esta quinta (27) no Fórum Ruy Barbosa, no Centro de Salvador. O representante do Ministério Público da Bahia (MP-BA) busca a condenação dos pastores Fernando Aparecido e Joel Miranda pelo assassinato do garoto Lucas Terra, ocorrido em 2001, quando ele tinha 14 anos de idade.
De acordo com o MP-BA, Fernando e Joel abusaram sexualmente de Lucas e depois o assassinaram, usando o pastor Sílvio Galiza — já condenado pelo homicídio — como intermediário.
Foi Galiza quem, depois de condenado, ainda em 2006, apontou os dois pastores sob julgamento nesta semana como culpados pelo crime. Em depoimento, ele afirmou ter visto Lucas Terra dentro de um caixote no carro de Fernando Aparecido.
“Não posso pagar por um crime que não cometi”, disse Galiza, ao afirmar que tinha sido ameaçado pelos pastores Fernando Aparecido e Joel Miranda para não revelar a autoria do homicídio.
Lucas Terra teria sido abusado sexualmente, torturado, amarrado e amordaçado pelos pastores, antes de ser queimado vivo. “Ele faleceu devido ao fogo”, sinalizou o promotor Davi Gallo, apontando a conclusão do laudo cadavérico feito pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Como argumento para comprovar o envolvimento de Fernando e Joel, o promotor apontou que o pastor Sílvio Galiza, único condenado pelo crime até o momento, não possuía carro, não sabia dirigir e não teria como conduzir o caixote com o corpo de Lucas para o local em que foi descartado, em um terreno na Avenida Vasco da Gama.
Segundo ele, o caixote com o corpo de Lucas Terra foi conduzido pelo carro do pastor Fernando Aparecido.
A LUTA DOS PAIS DE LUCAS
O promotor Ariomar José Figueiredo da Silva lembrou a luta da família de Lucas: a mãe, Marion Terra; o pai, Carlos Terra, já falecido; e os irmãos, Carlos Terra Junior e Felipe Terra. Segundo ele, a batalha deles foi fundamental para evitar que outras crianças fossem vítimas dos réus.
“Essa luta da senhora evitou que eles pagassem outros Lucas Terra”, disse o promotor. “Ela [Marion] não quer vingança, ela quer justiça. Seu Carlos queria justiça”, continuou Ariomar da Silva, destacando que o pai do garoto morreu sem ver os responsáveis pelo crime pagarem por seus atos.
O MP-BA pediu a condenação de Fernando e de Joel por homicídio, com três qualificadoras: motivo torpe, meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima.