Por Douglas Gavras | Folhapress
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou na última quarta-feira (24) R$ 20 bilhões em recursos para investimentos em inovação no país, segundo o presidente do banco de fomento, Aloizio Mercadante.
Nesta quinta (25), ele anunciou os recursos em um evento para empresários da indústria realizado na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Segundo o presidente do banco, os juros serão de 1,7% ao ano.
O presidente do BNDES citou exemplos de fomento à industrialização nos Estados Unidos e na Europa, como os subsídios para a indústria verde e a transição digital pelos governos europeus.
"Os EUA estão buscando uma nova ideia de inovação, o governo deve lidar com um contexto em que a base seja transformada", disse.
Mercadante também afirmou que o BNDES deve reduzir os dividendos, adiar ou parcelar a devolução de recursos ao Tesouro e trabalhar com um novo fator deflator para as operações do banco.
"O BNDES fez alguns movimentos para apoiar o agro brasileiro, é um setor moderno e extremamente competitivo, mas é financiado por subsídios importantes e com uma bancada combativa. Tem uma parte da agricultura predatória a combater, mas a grande maioria é competitiva e estamos financiando."
Na abertura do evento, em comemoração ao dia da indústria, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, afirmou que é importante apoiar uma reforma tributária e a implantação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que unificaria diversos tributos.
"A neoindustrialização envolve uma indústria baseada em tecnologia e inovação, descarbonizada e integrada às cadeias de valor. Ao fazermos isso, estaremos contribuindo para o fortalecimento de valores democráticos e de crescimento com inclusão. O Brasil não pode ficar parado, vendo o mundo ocidental caminhando para um processo de reindustrialização e apenas aplaudindo."
Ele também voltou a criticar o regime juros reais, citando como um empecilho para a reindustrialização e um mecanismo de concentração de renda.
"[É] enormemente concentrador de renda esse regime de juros reais que vem sendo praticando no Brasil nas últimas quatro décadas. Temos importantes políticas industriais e de desenvolvimento, mas nenhuma delas vai conseguir superar a macroeconomia."