Por Carolina Linhares e Joelmir Tavares | Folhapress
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) afirmam que, caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) torne o ex-presidente inelegível no julgamento que começa na próxima quinta (22), a estratégia política será mantê-lo no jogo eleitoral, evitando indicar um sucessor e agarrando-se à possibilidade de reverter a derrota com recursos.
Nos bastidores, políticos bolsonaristas dão como certa a condenação por abuso de poder político em função da reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado, quando fez acusações contra o sistema eleitoral sem apresentar provas.
Embora a possível inelegibilidade abra caminho para outros nomes da direita na eleição de 2026, interlocutores de Bolsonaro avaliam que trabalhar desde já para construir uma alternativa no campo bolsonarista esvaziaria o capital político do ex-presidente.
Por isso, o ex-mandatário tem sido aconselhado a não inflar pré-candidaturas, para evitar sinalizar desistência diante do revés jurídico. O discurso será o de que há tempo, até a próxima eleição, para que a decisão seja revertida —principalmente se houver um contexto menos hostil a ele nos tribunais superiores.
A orientação é insistir em recursos até o último momento e não sair de cena —assim como fez o presidente Lula (PT) em 2018, quando lançou mão de todos os instrumentos jurídicos e só trocou sua candidatura pela de Fernando Haddad (PT) quando não havia alternativa.
A tática de não admitir a derrota beneficia ainda o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, na opinião de auxiliares de Bolsonaro, é visto por ele como um sucessor natural, por ter sido seu ministro, vencido as eleições no estado com seu apoio e se mantido fiel.
Tarcísio tem evitado ocupar a arena eleitoral, pregando foco na gestão local e afirmando que seu plano para o estado é de longo prazo, o que o faria buscar a reeleição.
Segundo deputados aliados do governador, Bolsonaro indicá-lo como candidato à Presidência tanto tempo antes do pleito serviria apenas para que Tarcísio se tornasse alvo de adversários e até de fogo amigo.
Quem conhece o ex-presidente diz ainda que sua desconfiança também é um impeditivo para nomear um substituto tão cedo.
Além disso, a escolha de um bolsonarista para competir em seu lugar teria que ser pactuada com uma série de aliados e de dirigentes de partidos, envolvendo também os filhos do ex-presidente e sua mulher Michelle, que flerta com uma carreira política. (Leia a matéria completa AQUI)