Lula vai à Itália, mas não deve se encontrar com Giorgia Meloni

Por Victoria Azevedo | Folhapress

Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação

A agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Itália não inclui reunião com a primeira-ministra Giorgia Meloni, de ultradireita.
Segundo a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, a embaixadora Maria Luisa Escorel, o encontro entre os dois chegou a ser considerado, mas não foi confirmado devido a questões de agenda. A última versão do cronograma de Lula na Itália não prevê, portanto, o encontro com Meloni.
A italiana assumiu o cargo de primeira-ministra em outubro de 2022. Ela lidera o primeiro governo de ultradireita desde o fim da Segura Guerra Mundial, além de ser a primeira mulher a ocupar o posto. Sua coligação foi a vencedora nas eleições parlamentares, sendo que o seu partido foi o mais votado (26%).
Interlocutores nos dois governos dizem temer que a ausência de um encontro entre Lula e Meloni passe a imagem de que divergências ideológicas poderiam se sobrepor à agenda pragmática nas relações entre Brasília e Roma.
O petista viaja à Itália na noite desta segunda-feira (19). Na terça-feira (20), Lula se reúne com o intelectual Domenico de Masi e, na quinta-feira (21), terá encontros com o presidente italiano, Sergio Mattarella, com prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, que visitou Lula enquanto ele esteve preso em Curitiba, com o papa Francisco e com o arcebispo Edgar Peña Parra.
De acordo com o Itamaraty, Lula e Mattarella tratarão de temas como cooperação na área de Defesa, especialmente na transferência de tecnologia que ocorre nesse processo, e do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. O italiano também oferecerá um almoço a Lula e à primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.
Já o encontro com Gualtieri será de "natureza pessoal". Na época da visita a Lula, o atual prefeito de Roma disse que o petista estava "determinado a provar sua inocência e a levar adiante sua luta política em nome da democracia e da justiça".
Com o papa Francisco, o principal tema em discussão será a Guerra da Ucrânia, além de política para a redução das desigualdades sociais e para o combate à fome. Já com Peña Parra, Lula falará sobre a atuação da Igreja Católica no Brasil e como ela pode apoiar as políticas públicas do governo brasileiro, assim como temas relacionados a Venezuela, Nicarágua, Cuba e Ucrânia.
Lula em seguida viaja a Paris para participar de uma cúpula sobre financiamento global, no qual deve discursar no encerramento. Ele também terá um almoço de trabalho com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Estão previstas entre os dois líderes, segundo o Itamaraty, discussões sobre meio ambiente e mudanças climáticas, a cúpula da Amazônia em Belém, para a qual Macron foi convidado; a reunião de líderes da União Europeia-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e também o acordo comercial da UE com o Mercosul.
"Em se tratando de Europa, certamente conversarão sobre a questão da Guerra da Ucrânia e os possíveis caminhos para uma solução pacífica de controversas", disse Escorel. "Hoje em dia há vários países propondo soluções de paz, de modo que há um movimento crescente de países não envolvidos diretamente no conflito, na guerra, buscando fórmulas possíveis para, enfim, que isso se encaminhe para uma mesa de negociações."
Também em Paris, Lula deve discursar no Power Our Planet, festival de música que busca atrair atenção e recursos para combater a crise climática e problemas sociais. O líder brasileiro foi convidado para o evento pelo vocalista do Coldplay, Chris Martin --a banda estará na Itália enquanto Lula estiver na França.
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