Ana Gabriela Oliveira Lima
Salvador-BA
O funcionamento equilibrado do intestino reduz o risco de desenvolver diferentes doenças como o Alzheimer e o câncer colorretal, segundo especialistas. Para manter a região saudável, eles recomendam o consumo balanceado de probióticos, bactérias do “bem” que habitam a microbiota intestinal, e de prebióticos, fibras que servem de alimento para esses microrganismos.
“Existe um eixo que comunica intestino e cérebro. Se as bactérias do bem predominam na microbiota intestinal, há uma sinalização positiva no cérebro, quer seja em termos de saciedade, resposta imunológica ou na condição de resistência orgânica para o não desenvolvimento de doenças”, afirma Durval Ribas-Filho, nutrólogo e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
No caso do câncer colorretal, a microbiota saudável do órgão pode reduzir o risco da doença porque fortalece o sistema imunológico e evita inflamação na região. “Quando falamos de câncer, falamos de mudança celular. Algo maior, mas que sempre começa com alguma inflamação. Se você reduz a inflamação e tem uma maior disponibilidade de nutrientes e antioxidantes para serem utilizados pelo corpo, você reduz a chance de desenvolver qualquer tipo de doença”, pontua Rosanita Garcia, nutricionista pós-graduada em Nutrição Clínica pela Universidade São Camilo.
As chamadas “bactérias do bem” já existem no organismo e podem ser encontradas em alimentos como iogurtes e queijos fermentados. Já os prebióticos, que ajudam no seu crescimento, estão em cereais integrais, banana, aveia, cebola, alho e aspargo. Há ainda a opção de suplementação das substâncias.
“Não há contraindicação, mas pode haver desconforto se a prescrição for incorreta. É importante a indicação de produto e quantidade certa feita por um nutricionista”, afirma Garcia.
A ingestão de probióticos ou prebióticos pode ser indicada para aqueles que buscam uma vida mais saudável, com melhora na absorção de nutrientes como cálcio e ferro, ou quando há a ocorrência de sinais e sintomas como intestino preso ou solto, flatulência excessiva, alergia respiratória ou na pele, casos frequentes de candidíase e micose, dentre outros.
No caso do analista de sistemas Marcelo Barbosa, 49, a ingestão de lactobacilos e fibras foi motivada por um desequilíbrio intestinal, que melhorou na primeira semana depois do início da suplementação. “Ficava com intestino solto em alguns momentos do dia, logo após o café da manhã e às vezes depois do almoço”, afirma.
Já Claudia Gouvêa, 50, procurou a ajuda da nutricionista ao identificar que tinha intolerância a lactose e desarranjo intestinal. A saída para ela foi melhorar a dieta e iniciar a ingestão de probióticos. “Com a suplementação, consegui regular o intestino e ir ao banheiro mais ou menos sempre no mesmo horário”.
Além de fazer o órgão funcionar, aumentar a imunidade e prevenir doenças, prebióticos e probióticos contribuem para a produção de neurotransmissores, a exemplo da serotonina, funcionando como um tratamento coadjuvante para quadros de depressão, ansiedade e insônia, afirma Garcia.
“Nos últimos anos, houve um crescimento vertiginoso de pesquisas relacionadas à microbiota intestinal. Esses estudos mostram claramente que muitas doenças começam no intestino”, diz o nutrólogo Ribas-Filho. “A microbiota intestinal alterada pode acionar o gatilho da expressão genética de algumas doenças. Você é o que você come. Quem quer que seja o pai de uma doença, a mãe foi uma dieta deficiente”, afirma, reforçando a importância da preocupação com a alimentação saudável.