Por Folhapress
Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação
Embora a União Brasil pressione o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por trocas no primeiro e segundo escalões, integrantes e dirigentes do partido não garantem que a legenda irá integrar a base do governo caso o petista atenda às demandas.
Em outra frente, uma ala da União Brasil ameaça levar a maior parte dos 59 deputados à oposição caso mudanças não sejam feitas.
A bancada da União Brasil na Câmara, que é alinhada ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), negocia com o Palácio do Planalto o Ministério do Turismo e a Embratur (agência de promoção do turismo). Há também pedidos do grupo de Lira para conseguir o comando e diretorias dos Correios.
Esses postos são ocupados por aliados de Lula. A ministra Daniela Carneiro (Turismo) é esposa do prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho (Republicanos-RJ), que fez campanha para o atual presidente. A Embratur é presidida pelo ex-deputado Marcelo Freixo (PT). E os Correios são dirigidos pelo advogado Fabiano Silva, do grupo Prerrogativas.
As articulações estão mais avançadas para a troca de Daniela pelo deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) —apesar de Waguinho tentar nesta semana a última cartada para sustentar sua esposa no cargo.
O presidente da União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), disse à Folha que o partido não pleiteia nenhum ministério específico, mas considera natural que o governo busque melhorar o ambiente com o Congresso. Ele admitiu, porém, que isso não significa a ida da legenda para a base.
"Isso não implica dizer que qualquer partido que tenha essa ou aquela pasta tenha uma adesão dogmática ao partido eleito", afirmou Bivar.
Sabino tem dito a aliados que, se assumir o cargo, irá trabalhar para que o partido entre formalmente para a base de Lula. A União Brasil tem hoje três ministérios, mas mantém posição independente em relação ao governo. A sigla é criticada pelo entorno do presidente por não entregar votos suficientes no Congresso em pautas do Planalto.
Embora tenham votado para aprovar o arcabouço fiscal, a maior parte da bancada apoiou a derrubada de decretos do saneamento básico, de interesse do governo. Na análise da medida provisória que reestruturou a Esplanada, a União Brasil deu votos para o Planalto, mas participou da articulação de Lira para empurrar a matéria até as horas finais do prazo de validade e apoiou a desidratação de estruturas como o Ministério do Meio Ambiente.
A bancada da Câmara elevou a pressão para que o Palácio do Planalto troque Daniela por Sabino. Após ataques de Waguinho ao parlamentar, deputados da União Brasil fizeram um abaixo-assinado pela substituição a ser entregue à ala política do governo. (Continue lendo...)