Foto: Agência Brasil
Com a chegada do final do ano, muitos brasileiros ficam animados para receber o décimo terceiro. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a economia brasileira deve receber uma injeção de aproximadamente R$ 291 bilhões com o pagamento do décimo terceiro salário, valor que representa 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em Brasília, segundo o levantamento, as pessoas vão usar o 13º para quitar as dívidas.
Ainda segundo o levantamento, o maior valor médio para o 13º será destinado aos trabalhadores, aposentados e pensionistas no Distrito Federal (R$ 5.400) e o menor, no Maranhão e Piauí (R$ 2.087 e R$ 2.091, respectivamente).
Os trabalhadores formais representam 69% do total, o equivalente a cifra de R$ 201,6 bilhões. A maior média de benefício a ser paga, será para os trabalhadores do setor de serviços, com média R$ 4.460. Na sequência, os beneficiários da indústria, com valor médio de R$ 3.922, o setor primário da economia é o que representa a menor média com apenas R$ 2.362.
De acordo com o mapa da inadimplência do Serasa, só no Distrito Federal, mais de 52% das pessoas estão inadimplentes, mais de 1 milhão e 200 mil pessoas que não conseguem liquidar suas dívidas. O especialista em educação financeira, Fernando Lamounier, recomenda não agir pela impulsividade por conta do valor extra e evitar grandes compras que comprometam o saldo.
Como o especialista explica, o 13º salário é uma gratificação dada aos trabalhadores contratados sob o regime da CLT, assim como, aos aposentados e pensionistas do INSS. O valor é correspondente a 1/12 da remuneração por mês de serviço e nele estão inclusos o salário fixo e outros adicionais.
Tal benefício deve ser pago em uma ou duas parcelas no ano. A primeira parcela deve ser paga até o dia 30 de novembro, em que geralmente é pago 50% do salário bruto, sem os descontos. “Entram na conta ainda outras verbas de natureza salarial, como horas extras, comissões e adicionais noturno, de periculosidade e de insalubridade”, adiciona.
A segunda parcela pode ser quitada até o dia 20 de dezembro. Nesta parcela, são feitos os descontos, como o de contribuição ao INSS e do Imposto de Renda. Ou seja, a segunda parcela é menor que a primeira.
Para se ter uma vida financeira saudável e não entrar no vermelho, Fernando recomenda, que quem for receber o benefício, utilize a gratificação como uma renda extra para o pagamento de despesas em aberto, e gastos futuros. “Até mesmo investimentos são ótimas opções”.
“É importante que o consumidor veja o 13º salário como um suporte financeiro utilizado para resolver pendências”, salienta. Caso o consumidor possua dívidas acumuladas no ano, a dica é fazer da gratificação uma ótima opção para liquidá-las e assim não terminar o ano no vermelho. Ele ainda pontua, que o uso do valor extra no pagamento de despesas sazonais como para compras de natal, IPTU, IPVA e para aqueles que possuem filhos, na matrícula de escolas e material escolar, também é uma decisão inteligente.
Já para aquele consumidor que esteja em busca de outro meio de aplicar este benefício, ele recomenda a utilização do 13º salário na criação de um fundo de emergência para momentos de instabilidade financeira. Ou ainda, a aplicação do benefício em investimentos que ajudem este a aumentar o rendimento.
Para ele, é preciso que o consumidor veja em que estado se encontra sua vida financeira, para que assim o 13º salário seja usado com discernimento e equilíbrio. “Caso pendências financeiras estejam comprometendo o orçamento, a melhor opção é realizar o pagamento destas com esse valor extra para que assim sejam eliminadas antes do fim do ano, evitando juros altos e dívidas a longo prazo”.
Fabiano jose da silva,42 anos, ajudante geral, sabe muito bem o que fazer com o benefício que ainda vai receber este ano. “Pagar conta ou comprar roupa pra final do ano, e o que sobra tento entrar o ano sem dívida”, conta. Para ele, essa é uma época festiva, em que tenta se programar para conciliar os eventos de final de ano, e as contas para pagar. “A gente espera o ano todo para receber. E se der se deus permitir, depois de pagar as contas, a gente compra presente pras crianças e pra esposa”, afirma.
A assessora legislativa Raiza Machado, 34 anos, já recebeu uma parte do benefício e não se recorda de como o gastou. “Eu acho que vou guardar essa segunda parte”. Normalmente ela gasta o 13o, mas às vezes consegue guardar. “Eu deveria ser mais controlada”, considera. Apesar disso, ela acredita que consegue se manter dentro do esperado, e tem as contas em dia.
A servidora Telma Oliveira Queiroz, 53 anos, conta que servidor público também recebe o benefício, mas nesse caso, é sempre no mês do aniversário de cada servidor. “Eu sempre recebo em março. É um valor significado que uso para pagar as dívidas, ou guardar”, comenta.