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Para combater o estigma social a respeito da obesidade, no dia 4 de março é celebrado o Dia Mundial da Obesidade. Segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas e por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023) , do Ministério da Saúde, no Distrito Federal, 60,3% das pessoas estão com excesso de peso, e 21,9% estão com obesidade. A equipe de reportagem do Jornal de Brasília conversou com um especialista a respeito da doença.
O doutor Pedro Pinheiro, gastrocirurgião do Hospital Anchieta, descreve que para o diagnóstico da obesidade é necessário realizar um cálculo matemático que chama IMC, o índice de massa corporal. Para um IMC acima de 30, devido ao excesso de gordura corporal, é feito o diagnóstico de obesidade, sendo que o IMC de 30 a 34,9, é classificado como obesidade grau 1, de 35 a 39,9, obesidade grau 2, e acima de 40, obesidade de grau 3. O especialista aponta que algumas pessoas podem ser gordas e não tem problema de saúde, mas se o IMC for maior que 30, são obesas e já precisam iniciar o tratamento. “A obesidade por si só é uma doença. Mesmo que não tenhamos nenhuma outra comorbidade ou doença devido à obesidade, porque nós não vamos esperar a obesidade ter mais efeitos maléficos como pressão alta, diabetes, artrose, refluxo, entre outros, para poder iniciar o tratamento da obesidade”.
Ele aponta que a obesidade é um fator de risco para complicar outras doenças, como por exemplo o COVID-19. “Ou se for necessário ser submetido a cirurgia de emergência, aumenta a chance do paciente ter complicações devido à obesidade”. Ele indica que essa doença começa a interferir na saúde de uma pessoa, a partir do momento que ela tem sobrepeso, mesmo antes de chegar à obesidade. “Existem estudos que mostram que o sobrepeso leva a uma repercussão negativa na saúde da pessoa”.
O doutor acredita que a importância da conscientização sobre obesidade, se dá no fato de entender que ela piora a qualidade de vida e o aumento da chance de desenvolver outras doenças que vão trazer complicações na vida da pessoa também. “Então a obesidade pode levar pressão alta, diabetes tipo 2, gordura no fígado que é esteatose hepática, diminuição da capacidade cardiorrespiratória desse paciente, e etc”.
Ele explica que o paciente com a doença não consegue realizar o mínimo de atividade física, porque muitas vezes essa condição é muito incapacitante, a ponto de não deixar as pessoas cruzar as pernas, conseguir amarrar o próprio cadarço ou cortar as unhas do pé. “Nós não estamos aqui para julgar as pessoas pelo seu peso. Nós como profissionais da saúde que tratamos de obesidade, estamos aqui para ajudar as pessoas a terem um tratamento digno”. Entretanto, ele salienta que existem palpites, seja de amigos, conhecidos, familiares ou até profissionais da saúde que não necessariamente são excelentes e adequados para o tratamento correto da obesidade.
A alimentação saudável
O essencial para a conscientização quanto a doença, está no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. Segundo o doutor, é primordial na luta contra a obesidade, porque no tratamento contra ela, existem duas fases. Primeiro vem a fase de perder o peso, depois a manutenção deste. Então, o médico considera que os hábitos alimentares saudáveis ajudam a longo prazo. “Isso inclui principalmente uma dieta saudável e uma prática de atividade física regular. Esses são dois pilares do tratamento da obesidade”.
Além disso, há o tratamento medicamentoso, principalmente quando esses dois tratamentos não conseguem ser totalmente efetivos. E ainda, a cirurgia bariátrica, que é mais para os casos em que o IMC está acima de 35 associado a outra doença. Essa cirurgia vai ajudar o paciente a poder ter uma uma boa perda de peso, mas como o especialista explica, para a manutenção dessa perda de peso, o paciente tem que realizar regularmente atividade física e uma dieta para o resto da vida. E ainda, um acompanhamento regular com endocrinologista, nutricionista e com um psicólogo. “Então nós temos quatro tratamentos para a obesidade. Mas nenhum deles é usado isoladamente”. Ele frisa que para as pessoas que não são obesas, a prevenção da obesidade com hábitos saudáveis é o melhor tratamento.