Por Catia Seabra, Julia Chaib e Matheus Teixeira
Foto: Ricardo Stuckert/ PT
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ficará no cargo, após duas semanas de turbulência, mas uma permanência maior está condicionada a mudanças de conduta, segundo aliados do chefe do Executivo.
Outro ponto que pesou em favor da manutenção de Prates, ao menos temporária, foi a ausência de um sucessor natural para o cargo.
O ingresso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no debate mudou o cenário, em uma derrota aos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que eram contrários à permanência de Prates na função.
Interlocutores do presidente Lula (PT) afirmam que ele chegou a anunciar a aliados que iria demitir Prates, o que fazia com que a mudança no comando da estatal fosse dada como certa até o último domingo (7).
De acordo com integrantes do governo que participaram das discussões sobre o tema, o chefe da equipe econômica defendeu a distribuição dos dividendos extraordinários, posição que havia sido assumida por Prates e era um dos motivos da crise entre ele e Silveira. A defesa de Haddad vem do fato de que parte da verba dos dividendos vai para o caixa da União e aliviará a situação financeira do governo federal.
Lula foi sensibilizado pelos argumentos do ministro da Fazenda, segundo ministros, porque se convenceu da necessidade de reduzir o déficit das contas públicas.
Também segundo integrantes do governo, o nome do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, perdeu força depois de ele mesmo ter dito ao atual chefe da Petrobras que foi sondado para a função.
Essa iniciativa de Mercadante teria incomodado o presidente, que passou a avaliar outros nomes para a presidência da empresa. Na ausência de um sucessor natural, Prates ganha um fôlego para tentar reconquistar a confiança de Lula.
Segundo ministros do governo, Prates deverá estar mais afinado com as expectativas de Lula em relação ao papel social da companhia, não se limitando aos interesses dos acionistas.
Aliados do presidente chegaram a recomendar que não exonerasse Prates no calor da fritura, especialmente depois de o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, ter feito críticas públicas ao presidente da Petrobras em entrevista à Folha.
De domingo para cá, Lula consultou aliados. O ministro da Fazenda foi um dos que intercederam em favor da permanência de Prates, sob o argumento de não haver motivação técnica para a exoneração.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também defendeu sua manutenção no cargo, avalizado por um grupo de senadores.
Outro fator que favorece Prates é o processo formal para a nomeação do presidente, que requer até três meses. O nome do indicado precisa ser submetido ao conselho da empresa, cuja composição deverá ser alterada em assembleia de acionistas em 25 de abril.
A nova formação do conselho deverá dar um sinal do que o presidente espera da direção da empresa.