Nível dos rios volta a subir no sul, devastado por enchentes

Foto: Nelson ALMEIDA / AFP

O nível dos rios voltou a subir no domingo (12) devido a novas chuvas torrenciais no sul do Brasil, onde as inundações deixaram 145 mortos e centenas de milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas.
“Praticamente todos os grandes rios do estado apresentam tendência de elevação”, informou a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, que enfrenta a pior catástrofe climática de sua história.
Os moradores do estado se preparavam para mais calamidades com as novas chuvas, após duas semanas de tempestades que provocaram cheias dos rios, deixando cidades e parte da capital Porto Alegre inundadas.
Mais de dois milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes, que os especialistas associam à mudança climática e ao fenômeno El Niño.
Segundo o boletim mais recente da Defesa Civil, as inundações deixaram 145 mortos e 806 feridos.
A nova ameaça aconteceu enquanto as operações de resgate prosseguem: 132 pessoas continuam desaparecidas. Mais de 619.000 pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, incluindo quase 80.000 que estão em abrigos.
O Guaíba, que desde a semana passada cobre grandes partes da capital Porto Alegre, havia baixado no sábado para seu menor nível desde 3 de maio.
No entanto, com as fortes chuvas na região desde sexta, seu nível voltou a subir e deve ultrapassar os cinco metros, “conforme a chegada da vazão pelos rios contribuintes e a atuação dos ventos”, segundo o relatório.
Os primeiros transbordamentos ocorrem a partir de três metros.
Outros rios seguiam transbordando e subindo. As cheias do Taquari colocaram novamente em alerta a pequena cidade de Muçum, que ainda se recuperava da passagem de um ciclone devastador em setembro, quando foi atingida pelas inundações.
Segundo as autoridades, a Lagoa dos Patos, com saída para o Atlântico, está em “níveis muito elevados” com tendência a subir ainda mais nas áreas costeiras.
A cidade vizinha de Pelotas “enfrenta um agravamento da situação” que “amplia a probabilidade de inundação”, alertou em seu Instagram a prefeita Paula Mascarenhas, que fez um “apelo urgente” para que a população desocupe as casas em áreas de risco.
– “Vocês não estão sozinhas” –
No centro, na Região Metropolitana e na serra gaúcha, caíram volumes significativos de precipitação nas últimas 24 horas, com até 120 mm de água nos vales.
As chuvas continuam em Porto Alegre, ainda inundada em muitas áreas, constataram jornalistas da AFP.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, espera-se que em todo o estado as chuvas intensas continuem nas próximas horas, com mais de 100 mm por dia em algumas partes.
No nordeste do estado, há alto risco de grandes inundações e transbordamentos de rios, além de grandes deslizamentos de terra, acrescentou.
A probabilidade de novas enchentes é muito alta em quase todo o estado, indicou o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
No Dia das Mães, em vídeo publicado no X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou sua “solidariedade” àquelas afetadas pela tragédia.
“Vocês não estão sozinhas”, disse o presidente, cujo governo anunciou a liberação de cerca de 50,9 bilhões de reais para a reconstrução deste estado agrícola e pecuário.

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© Agence France-Presse
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