Por Edu Mota, de Brasília
Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
De forma unânime, os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiram na quarta-feira (31) manter a taxa básica de juros da economia brasileira no mesmo patamar decidido anteriormente, de 10,50% ao ano. Pesou na decisão dos membros do Copom a deterioração de expectativas de inflação, incertezas com relação à capacidade de o governo federal cumprir o arcabouço fiscal e o momento atual de câmbio cada vez mais desvalorizado.
“O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, afirma o comunicado do Comitê.
O mercado financeiro já aguardava uma decisão unânime do Copom pela manutenção da taxa Selic. Para os agentes financeiros, o país vive atualmente um momento de deterioração do cenário econômico, e há expectativa de que a decisão desta quarta seja repetida nas próximas reuniões do Comitê.
Em relação ao ambiente externo, os membros do Copom afirmam, no comunicado divulgado na noite desta quarta, que permanece a incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países. Segundo o Copom, os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho.
“O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, afirma o comunicado.
Na última reunião, em 19 de junho, houve consenso de todos os integrantes do Copom para interromper o ciclo de cortes da taxa básica de juros, ainda que sob pressão do governo Lula e de entidades da indústria e do comércio para uma redução.
Até a reunião do mês passado, a Selic havia passado por seis reduções de 0,5 ponto percentual e uma de 0,25 ponto, o que a levou para o menor patamar desde fevereiro de 2022.
Segundo o Boletim Focus do Banco Central, a expectativa dos especialistas do mercado financeiro sobre a taxa Selic permanece estável em 10,5% ao final do ano de 2024, em 9,5% para 2025 e em 9% para 2026 e 2027. Até o fim do ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto, atual chefe da autoridade monetária, o Copom tem mais três reuniões – 17 e 18 de setembro, 5 e 6 de novembro e 10 e 11 de dezembro.