Por Beatriz Santos
Foto: Alexandre Loureiro / COB
A Bahia sempre se faz presente quando o assunto é ser referência em esportes. Do boxe, com Robson Conceição e o histórico Popó, com passagem pela natação de Ana Marcela e, especialmente, se destacando na canoagem com Isaquias Queiroz, que se tornou o segundo atleta com mais medalhas olímpicas do Brasil.
No sul do estado, o esporte que mais vem se destacando é a canoagem de velocidade. Os destaques canoístas têm origem, principalmente, em Itacaré, e os nomes escalados para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 foram Matheus Nunes, Jacky Goodman e Valdenice Conceição, além do medalhista Isaquias, de Ubaitaba.
Natural de Itacaré e representante de Maraú, Valdenice Conceição foi a primeira mulher brasileira a conseguir uma vaga nas Olimpíadas, na categoria da canoagem feminina, criada em 2020. A atleta de 34 anos é contemplada pelo Programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte, na categoria Pódio.
Criado em 2005, o Programa visa beneficiar atletas de alto rendimento com bom desempenho em competições nacionais e internacionais da sua modalidade. Em 2012, foi permitido que os atletas que se beneficiassem da Bolsa também poderiam ter patrocínios externos, e contar com mais uma fonte de renda para manter as atividades.
Em entrevista para o Bahia Notícias, a canoísta baiana relatou as dificuldades que enfrentava antes de ter o apoio do governo para chegar às competições. Sem recursos, a atleta e sua família buscavam doações para disputar os campeonatos.
“No meu começo não tinha Bolsa Atleta, Bolsa Esporte, patrocínios, então, tínhamos dificuldade de ir para os campeonatos, por não ter recursos. Com família de pescador não tinha como ter essa verba. Corríamos atrás de vaquinhas, de amigos, de parceiros que pudessem suprir as necessidades para chegar aos campeonatos. O Governo da Bahia faz o que dá para fazer. Não é o suficiente, mas, o que eles dão já ajuda. Já é de grande importância para todos nós atletas continuarmos treinando e se dedicando para melhorar, crescer, virar um atleta de alto rendimento e ser campeão mundial. Esse é o nosso objetivo, o foco principal. Ser melhor e abraçar o pouco que temos”, afirmou.
Valdenice Conceição nos Jogos Olímpicos de Paris | Foto: Alexandre Loureiro / COB
Além disso, Valdenice confirmou que grande parte dos apoios que os canoístas do sul da Bahia receberam veio somente após a medalha de prata conquistada por Isaquias Queiroz e Erlon Souza na categoria C2 — 1.000 m, nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
“O Governo da Bahia vem, há alguns anos, apoiando o esporte. A gente foi beneficiado depois dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, com as medalhas do Isaquias e do Erlon. Fomos beneficiados com mais apoio. Creio que a canoagem da Bahia teve mais atenção do Governo do Estado e, com certeza, pôde diferenciar na seleção de mais atletas que representam a canoagem brasileira”.
Medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, Valdenice esteve próxima da primeira medalha olímpica da canoagem de velocidade feminina, nos Jogos de Paris 2024. Apesar da brasileira ter liderado as eliminatórias, a atleta ficou em 13º lugar na classificação final com o tempo de 46s82.
Contudo, para além dos nomes já consolidados no esporte, o que as entidades representantes da canoagem baiana fazem para aumentar a quantidade de atletas de alto rendimento que tornam o estado mais forte na atividade náutica?
A presidente da Federação Baiana de Canoagem (Febac), Camila Lima, respondeu à pergunta e falou sobre as estruturas que a Federação possui no entorno da Bahia para reforçar a equipe e o estímulo da prática do esporte.
“Contamos atualmente com três centros de canoagem estruturados nas cidades de Ubaitaba, Ubatã e Itacaré. Também contamos com sete escolinhas (Ubatã, Ubaitaba, Itacaré, Maraú, São Félix, Camamu e Itajuípe) para meninos de 7 a 18 anos para 510 alunos, treinando em equipamentos com todo suporte. Tudo isso patrocinado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Setre. A Sudesb também construiu núcleos em menor proporção nas cidades de Itajuípe e Camamu, entregues no primeiro semestre. O núcleo de Maraú e Ibotirama, estão em fase final para inaugurar. E o núcleo de Santo Estêvão está em construção. Tudo isso para agregar juntos as escolinhas para fomentar a base e consequentemente o alto rendimento”, comentou Camila.
O Campeonato Brasileiro de Canoagem Velocidade e Paracanoagem 2024 foi finalizado na última quarta-feira (18) e, mais uma vez, a canoagem da Bahia se destacou. Respectivamente, as equipes de Ubaitaba (ACC) e de Itacaré (ACI) ficaram com o primeiro e o segundo lugar na classificação geral nacional.
Dentre todos os atletas presentes, Mateus Nunes Bastos, promessa para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, conquistou diversas medalhas. Dentre elas, a que mais brilhou foi a prata no C1 200 m.