Por Fernando Duarte
Foto: Imagem gerada com auxílio do Pilot
O calo do governo da Bahia continua sendo a pauta da Segurança Pública. Ainda que tenham sido feitos inúmeros investimentos na área, a sensação de insegurança permanece, especialmente nos grandes centros urbanos, mas não apenas neles. Há um esforço por parte de alguns entes federativos e até mesmo de instituições, como o Ministério Público da Bahia. No entanto, é preciso avançar ainda mais para reduzir o impacto do noticiário no imaginário popular.
O jornalismo policial atrai audiência. Em especial quando existe uma “sede de justiça” por parte da população, quase sempre cerceada dos próprios direitos. Ao assistir pessoas “pagando” com prisões ou condenações, quem está do outro lado da tela — seja da televisão ou mesmo do celular —, acontece certo nível de regozijo, algo explicável pela lacuna de educação que permanece em boa parte da sociedade. Mas é só o jornalismo policialesco que cria essa sensação de insegurança?
Ao passear pelas ruas de Salvador, por exemplo, é comum ouvir de transeuntes o risco de cruzar algumas regiões da cidade. Fora dessas áreas, a coisa ainda piora. O tratamento dado a bairros periféricos, antes restritos aos grandes centros, atingiu cidades médias, cuja criminalidade é associada facilmente aos moradores do bairro A, B ou C, muitas vezes controlados por facções criminosas que ocupam outra lacuna social: a ausência de serviços do estado brasileiro (leia-se município, estado e União).
O modelo falido de enfrentamento à violência, já experimentado pelo Rio de Janeiro, mostra a necessidade de repensar como encaramos o problema. As ações de inteligência, defendidas arduamente pelo secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, são um caminho. E é necessário um entendimento que perpasse por outras unidades da federação e pelo próprio governo federal.
O Sistema Único de Segurança Pública (Susp) é uma ferramenta que chegou atrasada. Todavia, se tornou extremamente necessária para conter o avanço do estado paralelo criado e alimentado pelo tráfico de drogas e pela lógica miliciana que atinge verdadeiras zonas de guerra que ocupam bairros — e até cidades inteiras. Entretanto, continuamos com o sentimento de que nada feito até aqui fora suficiente para conter o avanço da violência.
No último dia 6 de outubro, 416 prefeitos ganharam a oportunidade de, a partir de 1º de janeiro de 2025, tentar fazer diferente. Levantamento feito pelo Bahia Notícias, junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, apontou que apenas oito municípios se habilitaram para receber recursos para eles próprios contribuírem para melhorar a segurança pública. Ainda assim, há quem terceirize a responsabilidade dessa área nevrálgica apenas para o governo estadual.
É claro que a principal dor de cabeça de Jerônimo Rodrigues deve ser encarada como um problema estadual. Mas não exclusivamente. Os municípios são fundamentais em ações de saúde, educação, cultura e cidadania, que coíbem a ação criminosa que se apropria da população em vulnerabilidade econômica. Então, é preciso agir conjuntamente. Ou esperaremos pelo pior?