Por Marina Pinhoni e Nicholas Pretto | Folhapress
Foto: TRE - RN
O segundo turno das eleições municipais de 2024 terminou no domingo (27) com 12 viradas de candidatos que estavam atrás na votação do primeiro turno e acabaram eleitos.
O caso mais emblemático aconteceu em Porto Velho. No primeiro turno, Léo (Podemos) ficou quase 19 pontos atrás de Mariana Carvalho (União Brasil): ela, com 44,5% dos votos válidos, e ele com 25,65%.
Neste domingo, porém, o candidato foi eleito com 56,2% dos votos. Mariana reduziu sua votação, ficando com 43,82%.
No total, eleitores de 51 cidades foram às urnas no segundo turno, sendo 15 em capitais. O resultado de Jundiaí (SP), no entanto, ainda aguarda decisão judicial e é considerado indefinido.
Houve cinco viradas nas capitais. Além de Porto Velho, também ocorreram em Fortaleza, Goiânia, Belo Horizonte e Palmas.
APURAÇÃO COM EMOÇÃO
Em cinco cidades com viradas, as apurações também tiveram surpresas, com um candidato ultrapassando o outro conforme as urnas iam sendo contabilizadas.
Em Fortaleza, por exemplo, Evandro Leitão (PT) foi eleito em uma disputa acirrada contra André Fernandes (PL) com uma diferença final de apenas 10.838 votos. O resultado de 50,38% a 49,62% no segundo turno foi definido após cinco viradas no placar (veja no gráfico abaixo).
Já em Caxias do Sul (RS), Scalco (PL) começou a apuração liderando nas urnas, mas foi ultrapassado por Adiló (PSDB) às 17h31. O resultado final foi 51,38% contra 48,62%.
VIRADAS HISTÓRICAS
O percentual de viradas nesta eleição —de 24%— é menor que a média dos últimos 20 anos. Das 236 disputas de segundo turno ocorridas entre 2004 e 2020, em 63 ocasiões os candidatos que tiveram uma votação menor que a do concorrente no primeiro turno conseguiram ganhar a eleição, o que representa 27%.
Historicamente, quanto menor a distância de votos entre os candidatos no primeiro turno, maior a chance de virada. Das 73 disputas nas últimas eleições em que a diferença foi menor que cinco pontos percentuais no primeiro turno, 27 candidatos viraram.
Só um candidato a prefeito foi capaz de reverter uma diferença maior que 25 pontos percentuais no período analisado: Aidan Ravin (PTB) surpreendeu em 2008 ao vencer Vanderlei Siraque (PT) em Santo André (SP) no segundo turno por 55% a 44,9%.
Nas eleições de 2024, cinco cidades com disputa de segundo turno tiveram uma diferença maior que 25 pontos percentuais no primeiro turno. Em nenhuma delas houve virada.
Foi o caso de Petrópolis (RJ), com 32,19 pontos percentuais de diferença. O segundo turno na cidade fluminense foi entre Hingo Hammes (PP) e Yuri (PSOL), que tiveram votação de 49,96% e 17,77%, respectivamente, no primeiro turno.
A capital João Pessoa foi a segunda cidade com maior distância entre os candidatos, de 27,39 pontos percentuais. No primeiro turno, Cicero Lucena (PP) teve 49,16%, e Marcelo Queiroga (PL), 21,77%.
A princípio, o país teria 52 cidades com segundo turno nestas eleições, mas, em São João do Meriti (RJ), houve a anulação dos votos de um dos candidatos após a votação do primeiro turno, o que fez com que o primeiro colocado, Leo Vieira (Republicanos), alcançasse o percentual de votos válidos necessário para vencer no primeiro turno.
A lei eleitoral estipula que o segundo turno pode ocorrer apenas em cidades com mais de 200 mil eleitores em que o candidato mais votado não alcançou a maioria absoluta dos votos válidos (50% mais um). Nos demais municípios, a disputa é definida no primeiro turno pela maioria simples dos votos.
Texto com colaboração de Augusto Conconi