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Os músicos Luciano Pinto e Alan Moraes, coautores da canção "Caranguejo", saíram em defesa de Claudia Leitte após a polêmica envolvendo a alteração de um trecho da música. A cantora modificou a frase "saudando a rainha Iemanjá" para "eu canto meu rei Yeshua", o que gerou uma série de reações, incluindo uma investigação do Ministério Público da Bahia para apurar possível racismo religioso.
Em carta enviada à coluna, Luciano e Alan rebatem as declarações de Durval Luz e Nino Balla, outros dois compositores da faixa, que alegaram não ter sido consultados por Claudia sobre a mudança na letra. Segundo os músicos, houve, sim, uma consulta verbal da cantora com todos os autores da música antes da alteração, e a mudança foi acordada por todos.
"Houve uma conversa com todos os compositores e possíveis reclamantes. Claudia Leitte perguntou o que achávamos e explicou o significado de Yeshua. Todos concordaram", afirmam na carta. Eles destacam ainda que a cantora sempre se mostrou respeitosa e cuidadosa com todos os envolvidos, incluindo músicos e equipe.
A controvérsia se intensificou no final de 2024, quando Durval Luz, em entrevista ao portal Leo Dias, anunciou que processaria Claudia Leitte por intolerância religiosa. Ele afirmou que a cantora não teria consultado a banda nem os compositores antes de alterar a letra, removendo a referência a Iemanjá, uma figura central nas religiões de matriz africana. Nino Balla, segundo Durval, também se juntaria ao processo.
Luciano Pinto, por sua vez, demonstrou surpresa com a posição de seus colegas e explicou que a conversa com Claudia ocorreu por volta de 2012, antes de uma regravação da música para o DVD Axemusic, já com a alteração. A canção havia sido lançada em 2004, quando Claudia ainda integrava o grupo Babado Novo.
Claudia Leitte, que se tornou evangélica há mais de 12 anos, justificou a alteração da letra afirmando que "Rei Yeshua" se refere a Jesus, em hebraico, e que sua intenção jamais foi desrespeitar qualquer religião. Em resposta à polêmica, a artista declarou que "racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma superficial", e reiterou sua postura de respeito, solidariedade e integridade.
Os compositores Luciano e Alan também ressaltam que a troca dos nomes não alterou a estrutura musical da canção, mantendo o ritmo, harmonia e melodia. Além disso, afirmam que não houve prejuízo financeiro decorrente da mudança, uma vez que os direitos autorais continuaram sendo devidamente recolhidos pelo ECAD, a entidade responsável pela gestão de direitos musicais no Brasil.
"A mudança não prejudicou a arrecadação de direitos autorais e não alterou em nada a execução pública da música", acrescentam. Eles reforçam que, na época da alteração, não houve qualquer menção a intolerância religiosa, e que a decisão foi tomada de forma consensual