Ex-presidente da Argentina vira réu em caso de violência de gênero contra ex-esposa

Por Folhapress

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / EBC

O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández virou réu na segunda-feira (17) depois que a Justiça federal do país o indiciou pela acusação de violência de gênero contra.
Fabiola Yañez, sua ex-esposa e ex-primeira-dama. Ele é acusado de causar "lesões graves e ameaças em um contexto de violência de gênero contra sua companheira", segundo o processo —Fernández nega.
Além do indiciamento, o juiz federal Julián Ercolini ordenou o congelamento de bens do ex-presidente no valor de dez milhões de pesos argentinos, ou cerca de R$ 50 mil.
Segundo a imprensa argentina, Fernández está sendo acusado em razão de dois episódios específicos: quando eu um soco no olho de Yañez em junho de 2021, resultando em um hematoma que persistiu por vários dias, e quando apertou com força o braço da ex-esposa em agosto do mesmo ano, causando outro ferimento.
Além disso, o ex-presidente responderá por agressões morais e ameaças constantes com o suposto intuito de impedir que Yañez o denunciasse na Justiça.
Na decisão, o juiz federal afirmou que Fernández aplicava uma "condicionamento econômico" de forma a "manipular e continuar exercendo poder e controle" sobre Yañez. As provas que embasam o indiciamento incluem imagens dos ferimentos, um depoimento de Yañez e prints das conversas entre os dois por aplicativos de mensagens.
No último dia 4, Fernández compareceu ao tribunal para depor e voltou a dizer que é inocente e que, na verdade, era ele quem era agredido pela ex-esposa.
"Em momentos de embriaguez, ela se tornava violenta, atacando-me com força singular. Eu só conseguia manter suas mãos longe de mim para evitar seus golpes", afirma Fernández em uma carta de 200 páginas em que rejeita as acusações do processo e pede absolvição —ele publicou o documento em suas redes sociais.
"Hoje apresentei minha defesa em um caso que é uma fraude processual sem precedentes. Depois de muitos meses de silêncio, quero que vocês saibam o que tenho a dizer", diz Fernández em um prólogo da carta.
Fernández diz na carta que nunca exerceu violência física, psicológica ou econômica contra Yáñez e que nunca limitou suas amizades. "Devo dizer que, se alguém foi agredido no casal, esse alguém fui eu. Se alguém teve que suportar insultos e maus-tratos no casal, esse alguém fui eu", acrescentou.
Segundo o ex-presidente, o processo é fruto de uma injustiça do juiz e do promotor responsáveis pelo caso. "Fizeram todo o necessário para limitar meu direito de defesa e, assim, induzir-me a me declarar culpado", afirmou. Durante a audiência, ele não respondeu perguntas e ouviu a acusação de ter causado lesões em pelo menos duas ocasiões à sua então companheira.
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