Por Bahia Notícias
Foto: Arquivo Pessoal
A Delegada Ludmilla Vilas Boas e Santos, titular da 1ª Delegacia Territorial (1ª DT) de Feira de Santana, concluiu o inquérito que apura a morte do comerciante Claudio Marcelo de Almeida, que morreu em uma clínica de implante capilar na Avenida Getúlio Vargas, no dia 27 de março deste ano.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a delegada informou que o médico responsável pelo procedimento cirúrgico será indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
“Nós concluímos o procedimento, indiciando o médico em razão de alguns fatores, principalmente por conta do resultado laudo pericial que acusa intoxicação exógena pelo anestésico lidocaína, que foi utilizado durante a cirurgia, e considerando que não foram requeridos exames cardíacos pré-operatórios, como um eletrocardiograma, ecocardiograma e isso também demonstrou que o médico não teve o devido cuidado, a devida cautela, na realização do procedimento, que é cirúrgico”, argumentou a delegada.
De acordo com Ludmila Vilas Boas, o profissional agiu com imperícia ao ministrar um medicamento anestésico sem ser habilitado para isso.
Partindo de um médico tão novo, existiu um certo ‘afã’ de tentar fazer esses procedimentos em Feira de Santana sem ter muito critério técnico, faltava conhecimento, tanto é que fez o paciente sofrer por excesso de medicação, é algo realmente preocupante. Hoje em dia a gente tem que ter muito cuidado em fazer certos procedimentos com pessoas que não são habilitadas para tanto. Ele não tem título de cirurgião, e o transplante capilar é uma cirurgia, muito embora no estado da Bahia não se exija a especialidade, e por isso ele não foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção, justamente porque os conselhos federal e regional não exigem o título de cirurgião”, destacou a delegada.
Ela sustentou que diversos médicos se manifestaram nas redes sociais e em entrevistas a órgãos de imprensa, inclusive anestesistas, falando sobre os riscos da intoxicação por lidocaína.
Nesta terça-feira (25), o inquérito será remetido ao Ministério Público da Bahia, que poderá ou não oferecer a denúncia contra o médico acusado.
“Agora esse inquérito vai ser encaminhado para o MP e um promotor de Justiça vai analisar e apreciar todo o inquérito policial, que tem 225 páginas, são 74 peças estabelecidas, e a partir daí ele tem duas opções: ou me devolve o inquérito por entender que há necessidade de novas diligências, também pode solicitar o arquivamento ou vai apresentar a denúncia formal ao Poder Judiciário, para que seja ajuizada a devida ação penal. O juiz conduz a toda a instrução processual, e o Ministério Público atua na sua função precípua, e agora é ver o desenrolar dos fatos dentro da instrução do processo. (…) Esperamos que ele seja de fato denunciado pelo MP e ao final condenado”, concluiu a delegada.