Por Bahia Notícias
Foto: Tânia Rêgo / ABr
Um relatório da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada à aids, o Unaids, revelou que seis a cada dez jovens de 5 a 14 anos com HIV não são tratados corretamente. O documento foi publicado na terça-feira (29) e destaca as desigualdades econômicas, de gênero, racismo e estigmas em relação ao assunto como os principais dificultadores do combate ao vírus.
A publicação aponta que, em 2021, cerca de 800 mil meninos e meninas com HIV nunca haviam feito tratamento para controlar o vírus. Além disso, entre 2010 e 2020 houve uma queda de 10,6% na proporção de óbitos de pessoas brancas com HIV — porém, entre indivíduos negros, a taxa cresceu 10,4%. Já as crianças, que representam 4% de todos os soropositivos, foram 15% das mortes relacionadas à doença em 2021.
O relatório mostra que, caso as tendências atuais em relação ao vírus sejam mantidas, o mundo não conseguirá atingir a meta de acabar com a aids até 2030. Para a ONU, a situação é preocupante — em julho deste ano, o Unaids já havia destacado que há um aumento de novas infecções por HIV e mortes em decorrência da aids em diversos países e regiões do mundo.
No Brasil, grande parte das crianças e adolescentes soropositivas foram infectadas antes de nascerem, quando a mãe passa o vírus para o bebê. Apesar de ser controlável no pré-natal, nem sempre a mulher portadora de HIV tem informação e acesso ao tratamento, o que resulta em consequências para os filhos, que podem desenvolver a doença.
Para a diretora e representante do Unaids no Brasil, Claudia Velasquez, nosso país é um exemplo na resposta ao HIV, oferecendo acesso às ferramentas de prevenção, diagnóstico e tratamento pelo SUS.
“Mas as desigualdades seguem impactando negativamente e gerando barreiras que impedem o acesso de pessoas em vulnerabilidade. E as desigualdades se cruzam. Por exemplo, uma pessoa trans, negra, vivendo com HIV e em situação de rua terá uma dificuldade extrema de acessar e seguir com o tratamento”, afirma, em publicação feita pelo Unaids no Brasil.
De acordo com Claudia, reconhecer a interseção de desigualdades é um elemento chave para uma abordagem integral da resposta ao HIV e combater o problema de saúde.
No Brasil, dados públicos indicam que novas infecções pelo HIV têm crescido entre a população jovem, na idade de 15 a 24 anos. Segundo a Unaids, é preciso realizar mais ações de educação e comunicação sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), bem como sobre a prevenção, o diagnóstico e tratamento do HIV e aids.
Não existe cura comprovada para a infecção do HIV, mas a ação do vírus no organismo pode ser controlada a ponto de o indivíduo soropositivo nem mesmo passar o microrganismo a outras pessoas.
Cabe lembrar que ter HIV não significa ter aids. Uma pessoa contaminada pelo vírus pode viver anos sem desenvolver a doença, mas pode transmitir o agente infeccioso para outras pessoas durante relações sexuais desprotegidas, por exemplo. As informações são do Metrópoles.