Por Joana Cunha | Folhapress
Foto: Divulgação / Itaú
Depois que o Conselho Nacional de Previdência Social aprovou na segunda-feira (13) a queda dos juros do empréstimo consignado do INSS, uma série de bancos suspendeu suas operações de empréstimo na modalidade.
Na lista estão instituições como Bradesco, Itaú, Pan, Banco Mercantil do Brasil e C6 Bank. No Banrisul, a rede de atendimento própria, integrada pelas agências, postos bancários e aplicativo, segue operando normalmente o crédito consignado INSS, segundo a empresa. No entanto, foram suspensas as novas operações dessa modalidade pela Bem Promotora, que é um dos canais de relacionamento do Banrisul.
"A questão é temporária, até que seja definida a estratégia comercial do produto", diz o banco.
A onda confirma previsões que executivos do setor já vinham fazendo nos últimos dias de que havia um risco de corte na oferta do produto.
Com a redução de 2,14% ao mês para 1,70% no teto do empréstimo pessoal, a avaliação entre executivos do setor é que a margem do produto tende a ficar negativa, o que pode tornar inviável a concessão de crédito para uma parte dos aposentados, especialmente aqueles que concentram maior risco de inadimplência, ou seja, os que têm renda menor e a camada mais idosa.
Segundo o Mercantil, que tem foco no público acima de 50 anos, a suspensão é temporária. "Estamos avaliando a situação e ajustando o produto às novas condições. O cartão consignado e as demais modalidades de crédito pessoal continuam vigentes", diz o banco. O Pan também fala em suspensão temporária.
Procurada pelo Painel S.A., a Febraban não comenta o movimento dos bancos. Em nota, a federação afirma que cada instituição tem sua estratégia comercial e não houve qualquer decisão coletiva. "Os bancos que ofertam o consignado não reportaram à Febraban a suspensão da linha de consignado para aposentados do INSS.
Como essa decisão não é uma iniciativa setorial, cada banco tem sua política comercial de concessão de crédito, não cabendo reportar à Febraban as linhas de crédito que concedem ou deixam de conceder", diz o comunicado.
Mais cedo, nesta semana, a Febraban divulgou comunicado em que já apontava preocupação com o caso. "Os patamares de juros fixados não suportam a estrutura de custos do produto e os novos tetos têm elevado risco de reduzir a oferta do crédito consignado, levando um público, carente de opções de crédito acessível, a produtos que possuem em sua estrutura taxas mais caras (produtos sem garantias), pois uma parte considerável já está negativada".
Outra entidade do setor, a ABBC (Associação Brasileira de Bancos), que representa os bancos de pequeno e médio porte, também divulgou comunicado com alerta semelhante.
"A redução traz riscos à continuidade das suas atuações nesta operação com a implementação dos novos tetos, o que poderá resultar em concentração de mercado em poucos bancos, prejudicando a concorrência na prestação de serviços ao aposentado, em especial para o público não-bancarizado", disse a ABBC.