Oitava edição da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo. Tema de 2023: “Mulheres negras em marcha por um Brasil com democracia! Sem racismo! Sem violências! Sem anistia para os fascistas! Justiça por Marielle Franco e Luana Barbosa! Por nós, por todas nós, pelo Bem Viver!”. Juliana Gonçalves. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado na terça-feira (25), foi realizada em São Paulo a oitava edição da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo. O evento reuniu centenas de mulheres e teve início na Praça da República, no centro da capital, com intervenções culturais e políticas. O grupo caminhou até o Theatro Municipal.
“A Marcha das Mulheres Negras de São Paulo está fazendo a sua oitava edição. Começamos [o evento] quando mulheres negras foram para Brasília, em 2015, para falar da importância do manifesto da luta contra o machismo, o racismo, a violência e pelo bem viver, pautando um novo marco civilizatório para o Brasil. Desde então, aqui em São Paulo, todos os anos a gente faz, no dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, essa manifestação”, disse Simone Nascimento, integrante da marcha.
Uma das organizadoras do evento, Juliana Gonçalves explica que a história da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo diz que os assassinatos da vereadora Marielle Franco, em 2018, e de Luana Barbosa, 2016 impulsiona estas mulheres a irem às ruas. “Nós já tínhamos marchado em 2015, na grande marcha nacional, e, em 2016, a gente entendeu que não dava para deixar de ocupar as ruas”, explicou.
“A gente ocupa as ruas com as nossas reivindicações, trazendo as nossas denúncias, mas mais do que isso: a gente está apresentando um novo projeto de sociedade para o Brasil, não só para o estado de São Paulo”, diz Juliana.
Neste ano, a Marcha escolheu como tema Mulheres Negras em Marcha por um Brasil com Democracia! Sem Racismo! Sem Violências! Sem Anistia para os Fascistas! Justiça por Marielle Franco e Luana Barbosa! Por nós, por todas nós, pelo Bem Viver!
“Neste ano, [a marcha] pede reparação e bem viver. A pauta da reparação ajuda a resolver muitas coisas, porque vai falar desde a questão do acesso à terra, acesso a comida e chegando nesse lugar do limite da vida. Hoje a gente enfrenta números muito altos de feminicídio. A mesma coisa com o genocídio do povo negro, a mesma coisa com o encarceramento. A gente vê que são várias estratégias para ainda dizimar a nossa vida. E é por isso que a gente marcha pelo bem viver, porque a gente quer a vida, a vida em abundância e com direitos, que precisam ser respeitados”, explica Juliana.
“A Marcha das Mulheres Negras, neste ano, fala da importância da gente construir a democracia para as mulheres negras e combater a fome, o genocídio, a morte, o desemprego. E fala também da importância de se fazer justiça por pessoas que nós perdemos nesse período de recrudescimento no país como a Marielle Franco, mas também da Luana Barbosa”, disse Simone. “No Brasil, a nossa forma de lembrar desse legado é lembrar dos que lutaram pela nossa liberdade”, acrescentou. (Continue lendo)