Por Marcelo Azevedo | Folhapress
Foto: Pixabay/Reprodução
A Bolsa brasileira e o dólar registraram leve queda na segunda-feira (4), em dia de agenda esvaziada e com menor liquidez por conta do feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Tanto o Ibovespa quanto a moeda americana recuaram 0,09%, terminando o dia aos 117.776 pontos e a R$ 4,934, respectivamente.
No Brasil, a semana será encurtada pelo feriado de 7 de Setembro, e investidores repercutiram a divulgação do último boletim Focus, que apontou aumento de 0,25 ponto percentual no PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, subindo de 2,31% para 2,56%. Os analistas também promoveram um aumento na previsão da inflação deste ano, indo de 4,90% para 4,92%.
Sem a divulgação de indicadores relevantes no radar, o foco no mercado deve ficar em discussões da pauta econômica nesta semana.
"Agenda de indicadores será mais parada, e o foco do mercado deve ficar nas negociações do governo com o Congresso em torno da Reforma Tributária", disse a equipe da Guide Investimentos.
Além disso, investidores também aguardam o avanço de medidas do governo para garantir a meta de déficit zero prevista no Orçamento de 2024. O plano depende de ações ainda não aprovadas pelo Congresso e é visto com ceticismo pelo mercado e até por membros do governo, o que causou forte queda da Bolsa brasileira na semana passada.
Na ponta positiva, porém, a divulgação do PIB do segundo trimestre, que veio acima do esperado, garantiu uma semana positiva para o Ibovespa e desencadeou uma série de revisões para o desempenho da economia brasileira em 2023, como apontado pelo boletim Focus desta segunda.
Com isso, a Bolsa brasileira até começou o dia em alta, num movimento descrito por Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, como de "empresas de commodities subindo por causa do otimismo com China e cíclicos [mais influenciados por indicadores domésticos] subindo após PIB acima do esperado na sexta".
A Bolsa não conseguiu, porém, manter os ganhos ao longo do dia.
"O Ibovespa tentou ganhar tração e dar continuidade ao movimento de sexta-feira com a alta da Vale, mas a falta da referência das bolsas de Nova York, fechadas devido ao feriado, trouxe menor liquidez e aos poucos o índice perdeu força e zerou os ganhos", diz o economista Alexsandro Nishimura, da Nomos.
As principais quedas do Ibovespa nesta segunda foram de Petrobras, que registrou baixa de 0,88% em suas ações preferenciais e de 1,28% nas ordinárias, em dia fraco para o petróleo no exterior, e do Itaú, que caiu 0,50%.
O planejador financeiro Apolo Duarte, sócio e chefe da mesa de renda variável da AVG Capital, destaca que, além da baixa liquidez, um movimento de correção também afeta o Ibovespa, que registrou forte alta na última sexta.
Ele cita, ainda, que as curvas de juros futuros estão em alta, fazendo pressão adicional aos negócios. Nesta segunda, os contratos com vencimento em janeiro de 2025 foram de 10,58% para 10,62%, enquanto os para 2027 saíram de 10,36% para 10,40%.
"Isso se reflete principalmente em papéis mais sensíveis às taxas de juros, como as ações de construção civil, que estão operando no terreno negativo e entre as maiores quedas do Ibovespa. Empresas de educação e varejo também sofrem nesse movimento, a maioria também operando em baixa", afirma Duarte.
As cinco maiores quedas do dia foram de Yduqs (2,55%), Magazine Luiza (2,44%), Eztec (2,17%), Renner (2,14%) e Cogna (1,99%).
Para Nishimura, da Nomos, os juros futuros foram pressionados ligeiramente pela revisão para cima das projeções tanto para o PIB quanto para inflação apontada pelo no Focus.
Na ponta positiva, Vale e B3 tiveram alta de 0,66% e 0,61%, respectivamente, e atenuaram as perdas do do Ibovespa, figurando entre as mais negociadas da sessão.
No câmbio, o dólar foi afetado justamente pela agenda econômica vazia no Brasil e no exterior.
"Nesta curta semana, os mercados de câmbio podem ser relativamente calmos em preparação para os eventos esperados no final de setembro, como as reuniões dos principais bancos centrais", disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury. "Os dados macroeconômicos [desta semana] são, em sua maioria, de segunda linha e não devem ter efeitos dramáticos sobre as moedas."
Na cena global, os mercados continuavam repercutindo dados dos Estados Unidos de sexta-feira que mostraram um aumento na taxa de desemprego para 3,8% e moderação no crescimento dos salários, apontando para um arrefecimento das condições do mercado de trabalho norte-americano, apesar de uma leve aceleração na criação de vagas de emprego.
"Esse afrouxamento [no mercado de trabalho dos EUA] parece ser exatamente o que os membros do Fed queriam ver e concordamos com os mercados em não esperar um aumento [de juros] durante a reunião de setembro", disse Moutinho, acrescentando que "o calendário de dados desta semana é extremamente leve e poucos deles seriam relevantes o suficiente para mudar essa narrativa".
Nesse cenário, o dólar registrou queda, após ter acumulado alta de 1,32% na semana passada.