Por Caique Alencar e Saulo Pereira Guimarães | Folhapress
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O advogado Paulo Bueno afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) só teve contato com a chamada "minuta do golpe" quando ele tava fora do governo federal.
Para o defensor, usar a fala do ex-presidente no ato de domingo como reconhecimento de culpa seria sinal de "pobreza" em "investigação semissecreta" tocada pela Polícia Federal. As declarações foram dadas na terça (27), em frente à sede da PF em São Paulo.
Bolsonaro depõe esta terça em São Paulo sobre possível crime ambiental. O depoimento estava marcado para 14h30, mas teve horário de início adiantado.
O assessor e advogado Fábio Wajngarten, que também vai falar com a PF, elogiou o ato de domingo na Paulista. Para ele, foi uma "demonstração de força política do presidente e de seu grupo". "Uma demonstração de patriotismo que mostra a força da direita e a força do patriotismo", afirmou, antes de entrar no prédio.
"Esse assunto [minuta] já foi explicado tempos atrás, dias atrás, que as minutas a que o presidente se referia foram encontradas na sala do PL por ocasião da busca e apreensão 15 dias atrás. Foram minutas que eu, enquanto advogado, encaminhei para ele no dia 18 outubro de 2023. Portanto ele comentava sobre algo que ele teve conhecimento, que ele teve ciência muito tempo depois", disse Paulo Bueno, advogado de Bolsonaro.
INVESTIGAÇÃO APURA POSSÍVEIS CRIMES AMBIENTAIS
O inquérito investiga se o ex-presidente incomodou uma baleia jubarte. O episódio ocorreu em junho de 2023 durante um passeio de moto aquática dele em São Sebastião (SP).
Há suspeita de "molestamento intencional" de baleias. A ação foi aberta após circularem nas redes vídeos da moto aquática com motor ligado se aproximando da jubarte.
A moto aquática teria ficado a 15 metros da baleia. Vídeos e fotos divulgados em redes sociais comprovariam a informação, segundo a procuradora Marília Soares Ferreira Iftim.
O condutor pilotava o veículo a uma distância inadequada e ainda gravava com o celular. "Atribui-se a identidade desta pessoa, supostamente, ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro", diz trecho da abertura do procedimento, publicado no ano passado.
O ex-presidente passou o feriado de Corpus Christi naquela região em 2023. Na ocasião, ele se encontrou com o vereador Wagner Teixeira, que foi multado pelo Ibama por "desrespeito às regras de observação de baleias".
Depoimento foi transferido do litoral norte de São Paulo para a capital. Os interrogatórios estavam marcados para o início de fevereiro e aconteceriam na sede da PF em São Sebastião, mas foram transferidos para esta terça na cidade de São Paulo.