Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Depoimento do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, à Polícia Federal marca um momento significativo nas investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de estado no Brasil, com envolvimento direto do ex-presidente Jair Bolsonaro. A operação, denominada Tempus Veritatis, busca esclarecer as circunstâncias e o alcance desse plano, que aparentemente visava alterar o resultado das eleições e desafiar a ordem constitucional do país. As informações são de Fausto Macedo, do jornal O Estado de São Paulo.
O testemunho de Gomes é crucial por várias razões. Primeiro, ele confirma a existência de reuniões e discussões em torno de um documento conhecido como “minuta do golpe”, detalhando a participação de altos oficiais militares e possivelmente implicando o ex-presidente Bolsonaro na trama. Além disso, as mensagens trocadas entre Mauro Cid, ex-ajudante da Presidência e agora delator, e Gomes, colocam Bolsonaro no centro das investigações, sugerindo sua ativa participação na edição do decreto que constituiria a base legal para o golpe.
As revelações sobre as reuniões e as mensagens apreendidas indicam uma conspiração que não só pretendia interferir no processo eleitoral, mas também contemplava ações extremas, como a prisão de figuras-chave do Judiciário e do Legislativo brasileiro. A resistência de alguns dos comandantes das Forças Armadas, conforme relatado por Gomes, destaca divisões internas significativas em relação ao plano golpista e sugere que nem todos os líderes militares estavam dispostos a apoiar uma ruptura institucional.
A ação contra Gomes, especialmente as críticas e ataques de Braga Netto, reflete as tensões e o descontentamento dentro do grupo que apoiava o golpe, com consequências pessoais e profissionais para os envolvidos. A descrição dos ataques como “abjetos” por antigos colegas do Alto Comando do Exército aponta para o repúdio e a divisão que esse episódio gerou entre os militares.
Este caso ilustra a complexidade e a gravidade das tentativas de minar a democracia no Brasil, envolvendo altos escalões do governo e das Forças Armadas. O desenrolar das investigações e as repercussões dessas revelações serão determinantes para a estabilidade política e a manutenção do estado democrático de direito no país.