Por Fernando Duarte
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A conversa despretensiosa entre o senador Angelo Coronel e o Progressista pode até ser incipiente e prematura, mas não deixa de ser uma oportunidade bem real para que o parlamentar se mantenha não apenas ativo como também competitivo para barganhar 2026. As reações à circulação da possibilidade mostram que há preocupação com o futuro eleitoral de uma figura que foi de uma figura discreta a um nome importante no tabuleiro político baiano.
Em tese, Coronel tem preferência para reeleição. No entanto, ele próprio ascendeu na chapa majoritária do PT em 2018 após Lídice da Mata ser colocada de lado nessa mesma posição. Então, apostar as fichas nessa possibilidade é não aprender com os erros do passado e o senador - muito menos o PSD - é esperto o suficiente para não acreditar apenas nessa predisposição. Tanto que ele fez esse movimento de abrir uma janela de diálogo com outras frentes com tamanha antecedência. Ao lado do PT, ele sabe que não basta apenas ter sido fiel e manter musculatura política. No frigir dos ovos, ser petista conta muito e a disputa em 2026 colocará gigantes diante de um desafio: encontrar espaços para tantos caciques.
Além de Coronel, Jaques Wagner foi eleito ao Senado em 2018 e também teria essa preferência por reeleição. Em outras oportunidades, o Galego chegou a indicar a possibilidade de aposentadoria, mas é algo que não depende exclusivamente dele. Figura proeminente do PT nacional e da coxia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Wagner é um esteio que auxilia na governabilidade. E a eventualidade de um governo Lula 4 forçaria ele a se manter como candidato à reeleição, ainda que a contragosto. Fora que, no quesito empatia e habilidade, não há político baiano que se compare a ele. Então é uma cadeira reservada desde sempre, qual foi em 2018.
A equação de 2026 vai adicionar o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que vai reivindicar a vaga que lhe foi negada em 2022. Ele queria ser candidato ao Senado, porém a equação por ele almejada acabou não sendo viável. Logo, Rui vai tentar se manter ativo eleitoralmente presente nas urnas como candidato ao Senado. E é essa disputa que será travada entre o ex-governador e Angelo Coronel. E, convenhamos, o PT é muito "venha a nós" do que o "vosso reino". Como todo poderoso do governo Lula e fora da disputa para suceder o presidente ao final do primeiro mandato - apenas o entorno dele acredita na viabilidade frente aos tantos interesses contrários -, Rui deve exigir ser, no mínimo, candidato ao Senado. E os aliados que se virem para tentar entender a logística para manter o grupo coeso com os petistas ocupando os três principais postos da chapa - tratando da perspectiva que Jerônimo Rodrigues é candidato natural à reeleição.
Por isso, o "namoro" entre Coronel e o PP é tão importante para o senador desde agora. Envia uma mensagem clara aos atuais aliados de que, não havendo espaço, ele pode buscar outras formas de manter o mandato. Ainda que, para isso, se coloque como candidato avulso ou pela chapa de oposição. Wagner e Rui tem força política para se elegerem, mas Coronel e o PSD (indiretamente) jogam tão bem que se tornaram cruciais nas últimas eleições. O entorno do PT vai pagar para ver?