Petrobras perde R$ 34,7 bilhões em valor de mercado e puxa Bolsa após demissão de Prates

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

A Bolsa brasileira fechou em queda de 0,38% na quarta-feira (15), a 128.027 pontos, puxada pelo tombo das ações da Petrobras após a troca de comando da estatal.
Já o dólar, em sessão volátil, fechou com leve alta de 0,09% e ficou cotado a R$ 5,125 na venda.
A demissão de Jean Paul Prates do comando da Petrobras na noite de ontem ofuscou os aguardados dados da inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que vieram abaixo do esperado e reforçaram apostas de corte de juros em setembro por lá.
De acordo com matéria da Folha de S. Paulo, os papéis da estatal derreteram na sessão desta quarta. Os preferenciais (PETR4) desabaram 5,73%, a R$ 38,53 por ação, segundo dados da CMA; os ordinários (PETR3), 6,64%, a R$ 40,08.
A queda representa uma perda de mais de R$ 34,67 bilhões em valor de mercado desde a abertura do pregão.

TROCA

Para o posto de Prates, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a engenheira Magda Chambriard, que comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) no governo Dilma Rousseff (PT).
A troca de comando foi vista com preocupação por economistas, que temem interferência política na estatal.
"O mercado nunca gosta de ingerência política sobre empresas com negócios em Bolsa. Não será diferente desta vez, até porque o Prates vinha se mostrando um conciliador entre mercado e política. O grande problema da empresa é refino: entra governo, sai governo, é sempre uma dor de cabeça", avalia Alexandre Espírito Santo, economista da Way Investimentos.
Com Chambriard, a Petrobras terá o sexto presidente em três anos — um mau sinal para a petroleira. "Gera incerteza, e os investidores estrangeiros ficam ressabiados e vendem as ações", disse.
Ele pesa, ainda, a cena geopolítica no Oriente Médio, cujos conflitos têm afetado o preço do barril do petróleo. "Para piorar, teve o vai-não-vai dos dividendos. É preciso endereçar essas questões com rapidez, vamos ver como a nova presidente vai agir".
Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, à sua abstenção na votação da proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Defendida por Silveira e Rui Costa, ministro da Casa Civil, a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.
Na assembleia, o governo não só recuou como determinou estudos para que a Petrobras distribua os 50% restantes até o fim do ano, em movimento que tranquilizou o mercado e recuperou o valor das ações da empresa.
Prates ganhou sobrevida no cargo, mas a avaliação no Planalto era de que sua manutenção não duraria muito tempo.
Logo após a demissão, Prates mandou uma mensagem a assessores próximos. "Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco", escreveu.
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