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Um estudo da Oncoclínicas&Co, liderado pelo oncologista Paulo Lages, mostrou a eficácia do uso de uma droga já conhecida, o Acetato de Leuprorrelina, para pacientes brasileiros com câncer de próstata. Os resultados desta pesquisa foram apresentados no maior congresso de oncologia do mundo, o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), que aconteceu em Chicago de 31 de maio a 4 de junho.
“Um dos grandes diferenciais deste estudo é a testagem da eficácia dessa medicação em uma população miscigenada, como a brasileira. Já havia dados robustos dos benefícios da Leuprorrelina, porém nenhuma pesquisa havia sido feita em uma população tão heterogênea como a nossa. Agora, temos a confirmação de que essa droga funciona para os pacientes brasileiros, o que traz uma tranquilidade adicional ao médico no momento do uso desse medicamento”, afirma Lages.
Foram analisados retrospectivamente os dados de 1.744 exames de 240 pacientes acompanhados por médicos da Oncoclínicas Brasília, entre 2019 e 2023. O Acetato de Leuprorrelina é um medicamento que age como agonista do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), utilizado na terapia de privação androgênica (ADT).
“Essa terapia é a base do tratamento sistêmico do câncer de próstata, pois suprime a produção de testosterona, hormônio que pode estimular o crescimento desse tumor. 98,7% dos testes mostraram níveis de testosterona abaixo de 50 ng/mL, e 84,7% mostraram níveis abaixo de 20 ng/mL, indicando uma supressão eficaz da testosterona”, explica o oncologista.
Ainda de acordo com o pesquisador, o resultado reforça a eficácia e a segurança do tratamento. “Apesar de ser uma conclusão esperada, no sentido de ter se mostrado uma droga bastante eficaz, é importante lembrar que, dentro da oncologia, já aconteceu mais de uma vez de uma medicação funcionar bem em uma população e não tão bem para outra. Portanto, diante de um país altamente miscigenado como o Brasil, o estudo de vida real, reiterou a eficácia da droga”, finalizou o oncologista da Oncoclínicas Brasília.
A pesquisa contou com a colaboração de diversos médicos da Oncoclínicas: Daniel Vargas Pivato de Almeida, Guilherme Augusto Zulli, Paulo Gustavo Bergerot, Michelle Barbosa, Flavio MavignierCarcano e Anita Chavez Azevedo.
Terapia intermitente
Paulo Lages também levou para a ASCO um estudo que avalia a possibilidade de realizar tratamento intermitente em pacientes com câncer de próstata metastático na era das imagens PSMA-PET.
“Este estudo propõe uma abordagem diferente para pacientes com câncer de próstata metastático, utilizando a terapia intermitente em vez de um tratamento contínuo. Isso significa que o paciente recebe a medicação por um período, depois é suspensa, e fica um tempo sem o tratamento, o que pode melhorar os sintomas decorrentes do procedimento contínuo”, explica.
Além disso, outro ponto que se destaca é o uso do PET-PSMA, uma tecnologia de imagem avançada para próstata, para identificar quais pacientes são bons candidatos para a terapia intermitente. “Os resultados até o momento são extremamente promissores, sugerindo que essa abordagem pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Se continuarem a ser positivos, este estudo pode, no futuro próximo, mudar a prática clínica padrão para o tratamento de câncer de próstata metastático”, avaliou o médico da Oncoclínicas.
As primeiras constatações desta pesquisa ainda mostram que a terapia intermitente pode ser uma opção viável e segura para pacientes com tumor de próstata oligometastático ou oligorrecurrente, quando guiada por imagens PSMA-PET. “Tratar o câncer de próstata avançado nos dias de hoje, o padrão ainda é o protocolo contínuo, e a possibilidade de “férias de tratamento “ (drugholiday) traria um ganho imensurável”, finaliza Paulo Lages.