IPCA fecha mês de agosto melhor do que esperado; o que dizem os especialistas?

Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) relativo ao mês de agosto apresentou uma deflação de -0,02%. O dado apresenta uma boa notícia para o mercado, uma vez que é a primeira vez em 14 meses que o Índice apresenta uma queda, além de ter ficado ainda mais abaixo que as expectativas.
O IPCA é usado pelo governo brasileiro como o índice oficial de inflação no país e é calculado pela comparação entre o preço de diversos produtos em meses consecutivos. No ano, o índice acumulado chega a 2,85%, e nos últimos 12 meses, 4,24%. O esperado por analistas era um IPCA de +0,01%, e na comparação anual, 4,29%.
Segundo a BPMoney, o indicativo de arrefecimento na inflação, depois de muito tempo, levantou dúvidas sobre o comportamento do Comitê de Política Monetária (Copom), na reunião do dia 18 deste mês.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS?

Segundo o economista Beto Saadia, sócio da Nomos, a leitura do IPCA de agosto não muda a postura do Banco Central (BC) para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do próximo dia 18, visto que as pressões inflacionárias permanecem.
“Esperamos uma alta de 0,25 pontos percentuais dada a inflação de 12 meses ainda acima da meta e resiliência da inflação de serviços. Além disso, o dólar estabilizado em patamar mais alto, a escassez hídrica à frente, o PIB forte recentemente divulgado, e as concessões de crédito pressionam a inflação”, afirmou o economista.
Já André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, acredita que o mercado deve seguir pressionando o BC para subir os juros, mesmo diante de uma inflação mais controlada.
O especialista destacou, no entanto, que o IPCA melhor que o esperado e o movimento de corte de juros da Reserva Federal estadunidense e na Europa podem fazer o banco ponderar bem qual seria o melhor movimento: o aumento da Selic ou a manutenção, com os juros já em território restritivo.
O economista Jefferson Laatus, do grupo Laatus, defende que o cenário aponta uma inflação não tão pressionada assim, o que reduz a necessidade imediata de elevar os juros e indica que manter as taxas atuais pode ser o bastante para desacelerar.
“O preço mais baixo do petróleo e a expectativa de redução nos preços dos combustíveis pela Petrobras contribuem para esse panorama. O dólar está estável, o que também é favorável. Portanto, o cenário atual parece indicar que a pressão para uma alta adicional dos juros pode ser menos urgente. A curva de juros, representada pelos DI, mostra uma leve desaceleração, refletindo essa nova perspectiva”, afirmou o economista.
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