Por Renato Machado | Folhapress
Foto: Marcelo Camargo / EBC
O presidente Lula (PT) afirmou na quinta-feira (5) que o acordo com a Vale para indenizar as famílias de vítimas das tragédias de Brumadinho e Mariana deve sair no início de outubro.
Lula disse ainda esperar que a nova diretoria da Vale seja "mais cuidadosa" e que pense mais no desenvolvimento da própria empresa. E acrescentou que a atual gestão apenas se preocupa com a "venda de ativos".
Lula concedeu entrevista para a Rádio Vitoriosa, de Uberlândia (MG). O presidente está na cidade mineira para a entrega de obras de ampliação do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
"Até o começo de outubro a gente vai resolver a questão do acordo com a Vale para resolver o problema de Mariana e de Brumadinho. É uma coisa que se arrasta há dez anos, vários compromissos, tentativa de fazer acordo, decisões judiciais, e a Vale não cumpre. Agora, vai ter que cumprir", disse o presidente.
"A Vale está mudando a direção e eu espero que a nova direção da Vale seja mais cuidadosa, pense mais no desenvolvimento da Vale. Porque a atual direção só quer saber de vender ativos. Não quer saber de fazer novas pesquisas, de ter novos minerais", disse o presidente da República.
Na semana passada, o conselho de administração da empresa elegeu por unanimidade o vice-presidente financeiro Gustavo Pimenta, 46, para substituir Eduardo Bartolomeo na presidência da mineradora. Lula tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da empresa.
Lula vem criticando frequentemente a Vale pela falta de acordo com os familiares da tragédia de Brumadinho e Mariana. Pouco após a indicação da nova diretoria, o presidente havia afirmado que a grande quantidade de acionistas da empresa dificulta identificar quem é o responsável.
"A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje, nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram para o povo, você não tem dono", afirmou, na terça-feira (27).
"[É] uma tal de corporate que não tem dono, monte de gente com 2%, monte de gente com 3%. É que nem cachorro de muito dono. Morre de fome, morre de sede porque todo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou."