Por Edu Mota, de Brasília
Foto: Divulgação campanha Fuad Noman
Com 53,73% dos votos válidos, o atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), foi reeleito no domingo (27) para mais quatro anos à frente da administração da capital do estado de Minas Gerais. Ao total, Fuad obteve 670.574 votos, número próximo da quantidade de pessoas que não foram votar (636.752 eleitores não compareceram às seções).
A vitória de Fuad Noman se deu sobre o candidato do PL, o deputado estadual Bruno Engler. Com 100% dos votos apurados, Engler atingiu 577.537 votos, e ficou com 46,27% dos válidos. As pesquisas divulgadas até a véspera deste domingo de eleições já indicavam o cenário de vitória do atual prefeito.
Durante sua campanha, Fuad teve o mérito de conseguir se manter ao centro, mesmo precisando fazer acenos ao eleitorado de esquerda e sem recusar diretamente o apoio do presidente da República. Acabou sendo herdeiro dos votos de candidatos mais à esquerda, como Duda Salabert (PDT) e Rogério Correa (PT), sem no entanto contar com a presença deles em sua campanha neste segundo turno.
O atual prefeito conseguiu, em especial por mérito de uma propaganda bem planejada, colocar sua marca nas obras em execução na cidade. Ao longo dos dois turnos acabou tendo êxito também em se desvencilhar da figura do ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido) e se apresentar com uma imagem de um experiente gestor.
Já Bruno Engler, que havia concluído o primeiro turno com 99 mil votos a mais que Fuad, terminou em segundo lugar recebendo quase 100 mil votos a menos. Engler manteve praticamente a mesma votação da primeira etapa, quando teve 435.853 votos, sendo freado em suas chances de vitória por sua rejeição, que o tempo todo se mostrou maior que a de Fuad.
O principal apoiador de Engler foi o deputado Nikolas Ferreira (PL), que participou de atos nas ruas de Belo Horizonte para pedir votos e usou suas redes sociais para atingir o eleitorado da capital. O mesmo fez o ex-presidente Bolsonaro (PL) e o senador Cleitinho (Republicanos).
A campanha de Engler tentou inclusive se aproveitar de um movimento nacional promovido pelo PL, de boicote aos candidatos do PSD do senador Rodrigo Pacheco, mas a estratégia não se mostrou vitoriosa, já que o partido obteve a maioria das prefeituras do estado. Na reta final, Bruno Engler e Nikolas ainda tentaram explorar na propaganda eleitoral e nas redes um livro de ficção escrito há alguns anos por Fuad, que descrevia uma cena de estupro de uma criança. na propaganda eleitoral e nas redes sociais suas e de aliados. Novamente, a ação não deu maiores resultados.
A vitória de Fuad Noman no segundo turno das eleições em Belo Horizonte seguiu um fato histórico na capital mineira. Desde a redemocratização, o prefeito que tentou a reeleição na capital mineira conseguiu se manter na cadeira. Com a vitória, Fuad se torna o mais velho prefeito eleito da história de Belo Horizonte.
Fuad Noman, de 77 anos, assumirá, a partir de 2025, seu segundo mandato à frente do Executivo, mas experimenta pela primeira vez a sensação de encabeçar uma chapa vitoriosa. Até então, a única eleição da qual havia participado tinha sido em 2020, quando foi eleito vice-prefeito ao lado de Alexandre Kalil (sem partido).
Belo-horizontino criado entre os bairros Carlos Prates e Padre Eustáquio, Fuad Noman serviu como militar do Exército durante 11 anos e chegou à patente de terceiro sargento antes de se dedicar à carreira de economista. De perfil técnico, ele ingressou no serviço público como funcionário do Banco Central e chegou a ser diretor do Banco do Brasil.
No governo federal, foi secretário executivo da Casa Civil da Presidência da República e fez parte da equipe econômica responsável pela implementação do Plano Real. Além disso, atuou no governo de Minas à frente das secretarias de Fazenda, de Transportes e Obras Públicas durante as gestões de Aécio Neves e Antonio Anastasia.