Lula minimiza apoio de Bolsonaro a Trump e diz que adversário não tem votos nos EUA

Por Marianna Holanda e Renato Machado | Folhapress

Fotos: Agência Brasil e Alan Santos (PR) / Montagem: Bahia Notícias

O presidente Lula (PT) minimizou na sexta-feira (8) o apoio de Jair Bolsonaro (PL) ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, alegando que o brasileiro não tem votos naquele país e não influiu no resultado.
O petista apoiou a democrata Kamala Harris, que saiu derrotada. Ele defendeu uma relação de respeito e civilidade com Trump. "Dois chefes de Estado, embora eles possam ter divergência política e ideológica, quando eles se encontram, o que prevalece é o interesse do Estado, não é o interesse pessoal", disse.
As declarações foram dadas em entrevista à CNN Internacional. Um primeiro trecho foi divulgado pela emissora. A íntegra deve ir ao ar nesta sexta.
"O Bolsonaro era presidente e eu o derrotei. Se ele estava apoiando o Trump, ele não tem voto nos Estados Unidos, o Trump não teria ganho as eleições", disse.
"Acho que cada candidato estabelece uma estratégia para ganhar as eleições. E eu quero dizer claramente ao povo americano: terei com o presidente Trump uma relação de respeito como chefe do Estado brasileiro. Espero que ele tenha uma relação de respeito com o Brasil como chefe do Estado americano. Ora, se nós estabelecemos essa linha de comportamento, de civilidade, de respeito, o resto fica tudo muito mais fácil", completou.
A resposta foi dada ao ser questionado se a vitória do republicano poderia ser boa para Lula ou ajudar o ex-presidente a voltar ao poder. A apresentadora chamou ainda Bolsonaro de "Trump dos trópicos", e Lula sorriu.
Essa foi a terceira manifestação de Lula sobre a eleição de Trump. Horas após a confirmação, o mandatário brasileiro usou suas redes sociais para parabenizar o americano.
"Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos EUA. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo", escreveu.
Horas mais tarde, ele disse esperar uma relação "civilizada" com o americano, assim como ele manteve com outros presidentes dos EUA em seus dois primeiros mandatos.
"Olha, eu não vou pensar o que pode acontecer de pior com a eleição de um presidente de um outro país. Não conheço pessoalmente o Trump. Conheço de ouvir dizer, de ler matéria dele, de ver ele na televisão. Mas eu espero que a convivência seja a convivência civilizada que eu já tive com o [George W] Bush, que é do Partido Republicano, que eu já tive com o [Barack] Obama, que eu já tive com o [Joe] Biden", afirmou.
Lula disse também que respeita pessoas que são eleitas democraticamente. Antes de vencer o pleito, Trump havia dito que aceitaria o resultado se a "eleição fosse justa".
"Ele foi eleito presidente dos Estados Unidos. Ponto. Portanto, eu respeito o fato de ele ter sido eleito pelo povo americano. Eu espero que ele tenha a preocupação de trabalhar para que o mundo tenha paz. Eu espero que ele trabalhe para melhorar a vida do povo americano, para isso que ele foi candidato", afirmou Lula.
Donald Trump foi declarado presidente eleito dos Estados Unidos por volta das 7h30 de quarta (6), quando alcançou a marca de 276 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. Além da vitória no colégio eleitoral, o novo presidente ainda sai fortalecido nas urnas por ter vencido no voto popular.
Até a tarde de quarta-feira (6), com os resultados confirmados em quase todos os estados, ele registrava 51% dos votos populares, contra 47,6% de Kamala Harris.
Trump ainda vai governar com a maioria em ambas casas do Congresso norte-americano.
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