Por Fernando Duarte
Foto: Montagem/ Bahia Notícias
Entramos na última semana de trabalho das casas legislativas. A expectativa é que, com a votação das Leis Orçamentárias Anuais, vereadores e deputados entrem em recesso e só retornem em fevereiro às sessões regulares. E, no balanço de 2024, tanto Carlos Muniz na Câmara de Salvador quanto Adolfo Menezes na Assembleia Legislativa da Bahia não têm razões para reclamar de tanta tranquilidade.
Na capital baiana, o ano de eleição para vereador tende a ser marcado por poucas sessões e polêmicas. Foi o que aconteceu. A estratégia do prefeito Bruno Reis, de não enviar projetos como as mudanças no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), ajudou. A escolha de Geraldo Jr. como candidato de oposição também. Sem muita empolgação, a oposição não fez o barulho esperado e o resultado das urnas confirmam isso - a bancada diminuiu e, a partir de 2025, levará muito a sério o conceito de minoria.
Outro trunfo importante para Muniz foi a devolução de R$ 20 milhões aos cofres da prefeitura. O anúncio, na última sexta-feira, coroa a gestão dele à frente da Câmara, após assumir em meio a uma sucessão questionada judicialmente - Muniz era vice do então presidente reeleito pela segunda vez, Geraldo Jr. O presidente da Câmara não apenas conseguiu se projetar como um jogador importante na cena política municipal, como também garantiu uma votação expressiva e se consolidou como candidato único a permanecer na presidência. Ou seja, tem razões de sobra para comemorar.
Na Assembleia Legislativa, as parcas polêmicas ficaram restritas aos questionamentos da oposição aos diversos empréstimos pedidos pelo governo Jerônimo Rodrigues e a frustrada tentativa de organizar o Conselho de Ética para julgar o caso Binho Galinha. Em ambos os casos, o presidente Adolfo Menezes soube se esquivar de críticas. Sobre os empréstimos, a responsabilidade fica inteira sobre o governo e o rolo compressor da bancada. Sobre Binho Galinha, no almoço com a imprensa, Adolfo admitiu que os deputados eram "reféns" do colega e tinham medo de avançar em qualquer processo contra ele. Ou seja, lavou as mãos.
Adolfo ainda conseguiu, no começo de 2024, aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição que o permite ser candidato mais uma vez à presidência da Assembleia. Isso minou as chances de qualquer deputado se lançar candidato e a batalha passou a ser a disputa pela 1ª vice, com direito a piada do próprio Adolfo sobre o tema. Até mesmo a suplementação, que em tese geraria desgaste, ele reverteu ao próprio favor, ao frisar ao longo do ano que o governo precisa revisar a LOA para um padrão realista. O resumo do ano, para ele, foi bem positivo.
Como 2025 não é ano eleitoral, é provável que haja algum tipo de emoção em ambas as casas. Pelo menos, é a expectativa que se tem diante da apatia da cobertura do dia a dia delas. As férias legislativas serão bem tranquilas.